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Nobel de Economia: professor da FECAP aponta possíveis ganhadores

A Academia Real de Ciências da Suécia deve divulgar na próxima segunda-feira (11/10/2021) o(s)...
Imprensa | 08/10/2021
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A Academia Real de Ciências da Suécia deve divulgar na próxima segunda-feira (11/10/2021) o(s) nome(s) dos economistas agraciados com o Prêmio em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel, também conhecido como Nobel de Economia, premiação mundial que reconhece os pesquisadores que deram contribuições notáveis da ciência econômica para a humanidade.

A escolha dos agraciados costuma render “apostas” e dividir opiniões no meio acadêmico. Porém, independentemente dos escolhidos, acompanhar os resultados do Nobel é uma forma de se inteirar sobre as principais áreas de pesquisas científicas e sobre o que é visto como o mais alto nível da economia contemporânea.

Temas que geraram um volume maciço de pesquisa nos últimos tempos costumam ser um dos indicadores sobre o qual um pesquisador ou pesquisadora pode levar o prêmio. Outro indicador relevante é o tempo de maturação das pesquisas, conforme explica o professor de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Matheus Albergaria. Ele aponta que é comum os indicados ao prêmio serem selecionados por pesquisas feitas diversos anos antes. “O Nobel de Economia representa, na verdade, uma premiação posterior às contribuições acadêmicas dos autores agraciados. Esse caráter posterior ocorre, uma vez que leva tempo para que o impacto dessas pesquisas seja percebido e apreciado pela comunidade acadêmica de economia”.

Esse é o caso do matemático John Nash, que em 1951, aos 23 anos, propôs um teorema matemático que deu origem ao conceito de “equilíbrio de Nash” e acabou rendendo ao autor, 45 anos mais tarde, o Nobel de Economia. Seu trabalho revolucionou o estudo de estratégia econômica e a área de Teoria dos Jogos, servindo ainda de inspiração para o filme “Uma Mente Brilhante”, de 2001.

Alternância de temas

Ao analisar os últimos premiados do Nobel de Economia, Albergaria observa que houve uma alternância de temas ao longo dos anos. No ano de 2020, por exemplo, foram agraciados com o Prêmio os economistas Paul Milgrom e Robert Wilson, por seus estudos na área de microeconomia, com destaque para pesquisas relacionadas a leilões. Já em 2019, Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer receberam o prêmio por estudos relativos à área de desenvolvimento econômico, focados na redução da pobreza. E no ano anterior, William D. Nordhaus e Paul M. Romer levaram o Nobel por contribuições relacionadas à macroeconomia de longo prazo. “No ano de 2021, podemos esperar uma premiação voltada a uma área pouco convencional da economia, como economia comportamental ou experimental, ou ainda, uma volta a temas de macroeconomia ou econometria”, avalia.

Para o professor, um economista que tem boas chances de ser agraciado com o Prêmio neste ano é o professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), Daron Acemoglu, um dos autores do livro “Porque Falham as Nações”. Em termos gerais, Acemoglu desenvolveu diversas pesquisas focadas em macroeconomia, com destacada ênfase no papel das instituições para o desempenho de longo prazo dos países.

“Acemoglu revolucionou a maneira dos economistas entenderem a importância das instituições no longo prazo. Em um trabalho conjunto com Simon Johnson e James Robinson, publicado no início dos anos 2000, Acemoglu conseguiu pensar em uma maneira engenhosa de verificar o impacto das instituições sobre o posterior desenvolvimento de países como o Brasil e Estados Unidos, antigas colônias do século XVI. Os resultados dessa pesquisa sugerem que alguns eventos podem ter efeitos permanentes de longo prazo sobre a trajetória de desenvolvimento de localidades específicas. Na minha visão pessoal, ele é a maior aposta”. Acemoglu está na lista de “Pesquisadores Altamente Citados” da Clarivate Analytics, antiga divisão de Propriedade Intelectual e Ciência da Thomson Reuters, mais um indicativo de que o pesquisador possa levar o prêmio.

Outro nome citado na lista da Clarivate Analytics é o da professora de Economia da Tecnologia na Stanford Graduate School of Business, Susan Athey. Porém, na opinião de Albergaria, apesar da pesquisadora ter uma obra de fôlego, suas chances são menores. “As pesquisas de Susan estão mais focadas na área de organização industrial e leilões, tema que já foi agraciado no ano passado. Ela pode vir a ganhar o Nobel, mas não agora”.

Embora representantes do Brasil já tenham sido indicados às categorias do Nobel, nenhum brasileiro ganhou o prêmio até o momento. Em relação às pesquisas feitas na área, o professor Albergaria explica que os economistas brasileiros com maior notoriedade são aqueles que atuam no meio acadêmico norte-americano. Porém, ele avalia que são poucas as chances de um representante do país ganhar o Prêmio neste ano. “Embora nós tenhamos bons economistas brasileiros que atuam nos EUA, eles são relativamente jovens e ainda não têm um alto volume de contribuições. Mas, esse é um cenário que pode mudar no futuro próximo”.

Sobre o Prêmio Nobel de Economia

O Prêmio Nobel foi criado com o objetivo de cumprir o testamento do químico e engenheiro sueco Alfred Nobel. A premiação acontece desde 1901 em cinco categorias principais: química, literatura, paz, física e medicina. O prêmio de Economia foi instituído apenas em 1969, quando o Banco Central da Suécia decidiu patrocinar a categoria em comemoração ao seu tricentenário.

Para a escolha dos agraciados, a Academia Real de Ciências da Suécia organiza um comitê, composto por membros do meio acadêmico da Suíça e do Banco Central Sueco, que enviam cartas a cientistas, professores e acadêmicos de diversos países pedindo indicações para a disputa.

Em suas 52 edições, o Nobel de Economia reconheceu o trabalho de 86 pessoas. A lista completa de todos os ganhadores pode ser vista no site oficial Nobelprize.org.

O especialista

Matheus Albergaria é Pós-doutor em Economia pela USP, Doutor em Administração de Empresas pela USP, Mestre em Artes pela The Ohio State University, Mestre em Teoria Econômica pela USP e graduado em Ciências Econômicas pela UFMG. Atua como professor na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado desde o ano de 2003.

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