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Modais alternativos e redução de impostos devem aliviar impacto do aumento do diesel

Professora de Economia da FECAP, Nadja Heiderich, avalia os impactos do último aumento do preço...
Imprensa | 05/10/2021
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Professora de Economia da FECAP, Nadja Heiderich, avalia os impactos do último aumento do preço do diesel e propõe soluções a longo prazo 

O aumento no preço dos combustíveis gera diferentes reflexos no cotidiano da população brasileira, entre eles o aumento do preço dos alimentos, das passagens, no frete de compras realizadas pela internet e até mesmo no preço praticado em aplicativos de viagens. 

No caso do diesel, que teve recentemente seu preço reajustado pela Petrobrás para as distribuidoras – de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro – o aumento do preço pode ser considerado fator diretamente envolvido nos produtos consumidos pela população, já que o transporte de mercadorias acontece quase que exclusivamente via modal rodoviário. 

“Como a maior parte dos itens produzidos e comercializados no Brasil é transportada pelo modal rodoviário, isso vai fazer com que o preço dos fretes se eleve, se traduzindo em aumento dos preços dos bens ao consumidor final”, destaca Nadja Heiderich, professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

Com o aumento do diesel, Nadja explica que, no mercado interno, haverá pressão para o aumento da inflação, que já apresenta uma projeção para o fim do ano acima da meta estabelecida pelo Banco Central. Já no mercado externo, esse aumento fará com que os produtos brasileiros fiquem um pouco menos competitivos. “Se isso vai se traduzir em redução de exportações, apenas com a comparação dos preços relativos e taxa de câmbio brasileira é que se pode dizer”, avalia. 

Possíveis soluções 

As saídas para a redução do impacto do aumento do diesel, a curto prazo, não são sustentáveis, segundo a professora de Economia. Em sua análise, as soluções mais eficazes são de longo prazo, entre elas, o incentivo à produção e desenvolvimento de combustíveis alternativos e a intensificação do uso do modal ferroviário e demais modais alternativos. Em comparação a países de dimensões semelhantes, como o Canadá, a Índia e a China, o Brasil ainda apresenta baixa densidade de malha ferroviária. 

Nesse sentido, Nadja destaca duas propostas, que atualmente estão sendo discutidas no Senado. A primeira é o Marco Legal das Ferrovias, projeto que pretende facilitar as autorizações – regime em que a iniciativa privada assume os riscos do investimento – para atrair recursos privados para a infraestrutura ferroviária.  

O segundo projeto diz respeito à BR do Mar, programa de incentivo à cabotagem, ou seja, a navegação entre portos de um mesmo país pela costa, que pretende aumentar a oferta desse tipo de transporte, incentivar a concorrência, criar novas rotas e reduzir custos. Um dos objetivos da proposta é ampliar em 40% a capacidade da frota marítima dedicada à cabotagem até 2023. 

Outro problema que afeta o preço dos combustíveis é a questão dos impostos. Na composição dos preços da gasolina, etanol e do diesel, há a margem de preço dos postos e distribuidoras, da Petrobras, o custo do etanol anidro ou biodiesel (no caso da gasolina e do diesel), e impostos como o ICMS (estadual), a Cide e o PIS/Pasep Cofins (federais). Segundo dados da Petrobras, coletados de 19 a 25 de setembro deste ano, 6,9% do preço do diesel correspondem a impostos federais e 16%, a impostos estaduais.  

Para Nadja, é fundamental que a Reforma Tributária e a Reforma Administrativa sejam aprovadas, mas na direção da redução do tamanho do Estado e na simplificação e redução de tributos. “Isso fará com que o custo Brasil se reduza e possamos ser mais competitivos a nível global, ser atrativos à recepção de mais investimentos e, assim, conseguirmos crescer de maneira sustentada, com a geração de emprego e renda aos brasileiros”. 

Cenário de aumento 

O aumento no preço do diesel anunciado pela Petrobras está valendo desde a última quarta-feira (29/9). Nas refinarias, o reajuste foi de R$ 0,25 por litro, um aumento de 8,9%. Já para o consumidor, espera-se que esse aumento chegue a R$ 0,22. Para a professora Nadja, o reajuste é significativo e os setores que mais sofrerão são os que dependem da comercialização de bens, principalmente os alimentos, e a prestação de serviços, este último com um impacto menor. “Há muito tempo a Petrobras vem prorrogando o reajuste, segundo a empresa, por 85 dias, pois o impacto do aumento do preço do diesel sobre a economia é relevante”. 

Entre os aspectos que contribuem para o aumento no preço do diesel estão a taxa de câmbio e a cotação do barril do petróleo no exterior. “Como importamos a maior parte do diesel que consumimos no Brasil, seu preço depende das oscilações que ocorrem no mercado internacional de petróleo, bem como da taxa de câmbio. Recentemente, verificamos um aumento no preço do petróleo bruto, bem como uma desvalorização da nossa moeda, representado pela elevação da taxa de câmbio, que torna os produtos importados mais caros no mercado brasileiro”. 

A especialista  

Nadja Heiderich é Doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo. Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (2012). Graduada em Ciências Econômicas pela FECAP (2008). Atualmente é professora no Centro Universitário FECAP e coordenadora do NECON FECAP (Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística, agronegócio. 

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