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Artigo: Reflexões sobre liderança durante e pós pandemia

Autoria: Profa. Maria de Lurdes Zamora Damião / [email protected] A pandemia que acometeu a...
Imprensa | 03/02/2022
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Autoria: Profa. Maria de Lurdes Zamora Damião / [email protected]

A pandemia que acometeu a humanidade no ano de 2020 e o receio de novas experiências no futuro com outros vírus oportunistas impõem diversas mudanças nos hábitos das pessoas, que podem ficar apegadas ao passado, negando a nova configuração, ou focar o presente e explorar possibilidades e estratégias para enfrentamento dos desafios decorrentes.

Todo evento que provoca mudanças no pensar, sentir e agir da humanidade, tira as pessoas de sua zona de conforto e, como consequência, a primeira tentativa é buscar referenciais no passado com o objetivo de encontrar soluções para o novo momento. Nesse caso, não existem referenciais, o momento é único e, segundo o acrônimo TUNA (Turbulent, Uncertain, New, Ambiguous) ou seja, turbulento, incerto, novo e ambíguo, é necessário lidar com isso utilizando a criatividade individual e coletiva. Afinal, o mais importante é perceber que esse novo cenário será uma construção coletiva. O máximo de um momento assim é que podemos projetar diferentes cenários e traçar um plano para construir um cenário mais humano, ético, assertivo e não violento possível.

Trazendo do macro para o micro, tenho uma pergunta: toda essa transformação afeta diretamente o papel do líder? Com certeza, diriam, mas vou dar minha opinião baseada em leituras interessantes e oportunas e minha observação assistemática.

Se alguns líderes ainda estavam apegados aos antigos modelos de gestão, vigiando o profissional durante o horário estabelecido pela empresa, controlando os horários do cafezinho, as idas ao banheiro (acredite, ainda fazem isso), falando mais do que ouvindo e não planejando, agora o contexto do mundo do trabalho é outro. O home office, que tinha a adesão de poucas empresas ou profissionais, hoje mostra-se uma solução eficaz para manter o distanciamento social ao mesmo tempo em que garantem a produtividade individual ou organizacional. A experiência desvenda consequências negativas e positivas que estão intimamente associadas à percepção do indivíduo sobre a mudança, alguns resistem e, reativos, ficam lamentando as mudanças; enquanto no outro oposto outros, os proativos, se perguntam “como vou lidar com essa situação que me foi imposta e adaptam-se da melhor forma possível?”.

Uma das consequências negativas está relacionada com os que ficam apegados ao passado e evidenciam questões psicológicas que até então estavam mascaradas, mas a partir da retirada das distrações, são exponenciadas. As distrações envolvem desde diversos eventos sociais até o tempo gasto em engarrafamentos. As questões psicológicas seriam a ansiedade, a depressão, o pânico e tantos outros.

Outra consequência negativa envolve o fato de pessoas e casais ficarem muito mais tempo juntos, torna as relações mais conflituosas, principalmente casais ou pessoas que não se toleram ou que vivem relações de aparência. Pode-se dizer que neste momento existem dois tipos de vítimas: as da Covid-19, e as do isolamento ou distanciamento social.

A casa que antes tinha a função do lar em que alimentávamos nossas áreas pessoal e familiar foi invadida por outras áreas e ganhou novos papéis. Essa invasão evidenciou outras fragilidades no tocante a organização de espaços, acesso e utilização de tecnologia, entre outros. Além disso, é preciso preparar o almoço, lavar, limpar, acompanhar a aprendizagem dos filhos. Ainda correndo o risco de passar por uma situação complexa ou constrangedora durante uma reunião on-line.

Esses são alguns dos desafios que todos, de forma mais leve ou pesada, estão passando. Cada um de seus liderados está enfrentando essas dificuldades e você acredita que pode gerir como antes a todos do mesmo jeito? E você, como estão sendo suas experiências?

Bom, mas vamos nosso olhar sobre algumas consequências positivas. Começamos com o fato de que o tempo utilizado para deslocamento casa/trabalho e trabalho/casa pode ser utilizado com outra atividade, que pode ser uma atividade física, um curso, conviver mais com a família ou simplesmente dormir um pouco mais. A alimentação caseira geralmente é muito mais saudável e o convívio com os familiares pode ser mais próximo. Muitas vezes ouvi no passado alunos, coachees e participantes lamentando o fato de não ter tempo para dedicar à família ou acompanhar o desenvolvimento dos filhos. O que mais podemos acrescentar? Outra pergunta: Você sabe quais os desafios e benefícios que cada um de seus liderados enfrenta? Você conhece e ouve seus liderados para ter uma visão clara de como pode ajudá-los no enfrentamento e superação desses desafios? E você?

Neste período em que tudo acontece junto e misturado na casa de cada um de seus colaborados, como ajudá-los a organizar seu tempo, agenda e emoções? Como orientá-los para, juntos, a construção um cenário que atenda as necessidades dos envolvidos?

Independente do cenário que construiremos, é notório o fato de que o líder em sua prática necessita transitar entre dois focos: a afetividade e a efetividade. O viés da afetividade envolve a promoção do desenvolvimento de inteligência colaborativa e cooperativa, reforçando o trabalho em equipe e o papel da coordenação. Desenvolver competências para gerenciar pessoas na era digital. Levantar, junto aos liderados, os desafios e as lições aprendidas ao longo desse período. Organizar momentos mais descontraídos de interação virtual com a equipe e principalmente reservar tempo para ouvir e entender o que seus liderados estão sentindo e precisando. Já o viés da efetividade contempla a manutenção de uma comunicação clara, sucinta e específica, assim como relacionamento diário com a equipe no início das atividades para definição ou revisão da agenda. Também é preciso mapear as tarefas, promover o trabalho remoto e acompanhar a adaptação dos liderados. Você tem atuado nesses dois vieses?

Bom, talvez ao chegar no término desse texto você pense: cadê as sugestões de novas práticas de liderança? Lembre-se que é uma construção coletiva e todos vamos colaborar. Meu objetivo foi trazer temas para reflexão, as soluções serão buscadas por todos nós.

A autora:
Maria de Lurdes Zamora Damião é Professora das disciplinas Gestão de Pessoas e Liderança, Gestão de carreiras e competências em cursos de Pós-graduação; e em disciplinas de Psicologia, Liderança e Soft skills em cursos de Graduação, coach acadêmico e psicóloga da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP).

É Mestre em Administração – Gestão de Organizações e Pessoas pela Universidade Metodista de São Paulo, especialista em Consultoria de Recursos Humanos e graduada em Psicologia e Pedagogia.
Palestrante e facilitadora da Syntese Desenvolvimento Humano, da Universidade Corporativa do SESCON-SP – UNISESCON-SP e do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo– CRCSP. Coach holístico, Action learning coach, Analista comportamental, Wizard, Professional and Master Avatar com certificações internacionais.

Coautora dos livros “Competência: a essência da liderança pessoal”, publicado pela Saraiva e “Coaching: desenvolvendo pessoas e acelerando processos”, publicado pela Editora IBC.

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