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A professora Juliana Cristina Milan, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), acaba de defender sua tese de doutorado na área Controladoria e Contabilidade na FEARP – USP, com o tema desastres ambientais e a narrativa fornecida pelas divulgações de informações financeiras. O trabalho se destaca pela relevância do tema tendo como foco as narrativas emitidas por uma envolvida em desastre e a apuração dos impactos que foram causados por estes eventos adversos. Os desastres ambientais de referência são de origem antrópica, ou seja, causados pela atividade humana, sendo os de Mariana e Brumadinho, considerados os maiores desastres ambientais da história recente do Brasil.
O rompimento da barragem de Mariana, ocorrido em 5 de novembro de 2015, destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues, atingindo 41 municípios de dois estados brasileiros, Minas Gerias e Espírito Santo, causando a morte de 19 pessoas, além de danos ambientais irreversíveis ao rio Doce e à fauna e flora de toda essa região. Já o desastre de Brumadinho, ocorrido em 25 de janeiro de 2019, deixou um saldo trágico de 272 mortes, com atingimento de 26 municípios tornando-se o maior desastre trabalhista em número de pessoas no Brasil. Ambos os eventos trouxeram à tona a necessidade urgente de maior controle e rigor nas atividades mineradoras e suas consequências para o meio ambiente e para as comunidades afetadas.
O TRABALHO
A tese da docente da FECAP propõe narrar os desastres ambientais por meio de informações que tem por fim diminuir assimetrias informacionais representando de forma fidedigna a realidade da entidade que reporta, divulgadas de forma recorrente, sendo essas auditadas e fiscalizadas por órgãos específicos.
Isso porque, tendo em vista a representatividade do desastre ambiental, muitas informações são divulgadas, assim o objetivo foi apresentar a versão narrada por meio das divulgações financeiros. Para tanto, a pesquisa foi dividida em três etapas: a percepção dos profissionais responsáveis pela produção dessa informação; a análise das comunicações tempestivas das empresas envolvidas; e a proposição de um modelo inovador que integra os antecedentes, as características das comunicações e as consequências apuradas dos desastres ambientais.
O trabalho de Juliana utilizou metodologia qualitativa, com entrevistas e análise de conteúdo das informações divulgadas pela empresa Vale, entre 2010 e 2022, tendo como foco a conexão da informação e a construção de uma narrativa.
Os achados da pesquisa mostram que há uma desconexão entre os profissionais que produzem as informações financeiras (advogados, gestores, contadores e auditores), que a mensuração se dá por meio da composição de estimativas complexas em função da incerteza dessas avaliações. Além disso, durante sua pesquisa, a docente identificou que, mesmo com a conformidade normativa, as narrativas financeiras acabam sendo parciais, não refletindo de forma clara e integrada a realidade dos eventos.
A importância da pesquisa também está no fato de que os desastres de Mariana e Brumadinho, embora tenham envolvido a mesma empresa, apresentaram características distintas, exigindo uma abordagem diferenciada em termos de comunicação e mensuração dos impactos. O modelo proposto por Juliana oferece uma visão holística, que conecta os antecedentes, as características das informações divulgadas e as consequências, mostrando como as informações financeiras vão se perdendo, o que faz com que as narrativas comunicadas fiquem cada vez mais distante da realidade na qual desejam representar.
CONTRIBUIÇÃO ACADÊMICA E IMPACTO SOCIAL
Com essa tese, a professora Juliana Cristina Milan não apenas contribui para o entendimento dos desastres ambientais, mas também fornece uma ferramenta valiosa para que futuros eventos econômicos relevantes possam ser analisados de forma mais precisa e integrada.
A pesquisa traz muitos pontos para reflexão a respeito das divulgações, podendo se destacar a conformidade normativa, passivos ocultos e narrativas em divulgações seriadas. Se a informação financeira tem por finalidade a diminuição da assimetria não poderia cumprir essa função quando se distancia da realidade.
#TAGS: doutorado FECAP Juliana Cristina Milan
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