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ESG está evoluindo no Brasil, segundo especialista da FECAP 

As práticas ESG, abreviação em inglês das palavras Environmental, Social and Governance,...
Imprensa | 16/10/2023
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As práticas ESG, abreviação em inglês das palavras Environmental, Social and Governance, (práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização), têm crescido no Brasil, segundo Alexandre Sanches Garcia, coordenador do Centro de Pesquisa em ESG da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

O ESG pode ser encarado como um conjunto de práticas que impactam positivamente a sociedade. Por exemplo, uma empresa adotar um programa de redução de emissão no nível de gás carbônico (CO2) de suas operações, ou ao aumentar a diversidade de gênero e raça na contratação de pessoas, e não adotar práticas de suborno ou corrupção nos negócios. 
 

“Pesquisas indicam que há uma evolução na discussão pelos executivos das empresas, pelo menos nas grandes empresas. O Centro de Pesquisas em ESG da FECAP identificou que mais da metade das empresas listadas na bolsa de valores B3 preparou, em 2022, relatórios com a divulgação das questões ESG, seja por meio de relato integrado, relatórios de sustentabilidade ou até mesmo nos relatórios anuais”, afirma o professor universitário. 
 

A prática das organizações em ESG é mais uma questão cultural do que algo regulamentado ou um “selo”, embora, no Brasil, alguns agentes reguladores de mercado de capitais, como CVM e BACEN, fomentem normas para que as organizações passem a incorporar tais práticas.  
 

O especialista avalia que as práticas adotadas nas empresas brasileiras podem ser reunidas em três tipos: as organizações que ou nasceram com a consciência de adoção de práticas ESG ou tem tal filosofia na concepção de seus fundadores; as organizações que se orientam pelas demandas sociais e percebem que precisam mudar suas práticas em ESG e; as organizações cujos proprietários ou executivos não respeitam qualquer atitude nesse sentido. 
 

“Ao analisar os relatórios das corporações brasileiras, observamos a incorporação de temas que antes não eram relatados e nem discutidos na alta administração das empresas. Muitas delas aperfeiçoaram mecanismos em sua governança corporativa, como a criação de comitês de sustentabilidade, por exemplo, ou reforçaram as atividades de outros comitês, como de riscos e compliance e até de auditorias, na inclusão de temas ESG”, comenta o pesquisador. 
 

Para que o ESG avance ainda mais no País, Garcia explica que primeiramente é necessário que os membros da alta administração das organizações incorporem tal temática nas pautas de reuniões e na estratégia das empresas, postura que impactaria positivamente no cumprimento com algumas questões do “G” de governança da sigla ESG. 
 

Na sequência, recomenda-se à empresa fazer um diagnóstico do que ela já tem feito e não relatado ou até mesmo já incorporado em seus relatórios anuais. A partir desse diagnóstico é necessário comparar com os diversos frameworks existentes de compliance em ESG. Esse momento é uma das primeiras dificuldades encontradas, já que existem dezenas de metodologias disponíveis.  

“O ideal é partir para as práticas já existentes e fortalecidas no mercado ou seguir o que foi recentemente definido como norma internacional de sustentabilidade, pela Fundação IFRS- International Financial Reporting Standards. E o próximo passo é adotar os indicadores previstos nas normas especificamente para o setor em que a empresa atua, definindo metas para o alcance desses indicadores. 
 

Pesquisas apontam que apesar de decisões de investimentos necessários e mudanças comportamentais dos executivos, o ESG traz retornos positivos para as empresas no médio e longo prazo. Com o aumento de sua reputação com essas práticas, a empresa pode se beneficiar com aumento nas vendas de seus produtos, consequentemente de seus lucros e isso atrair mais investidores, valorizando o preço de sua ação no mercado de capitais (caso tenha ações negociadas em bolsa de valores). Além disso, pode atrair mais capital financeiro, com taxas melhores de captação de recursos no mercado financeiro (juros sobre empréstimos, por exemplo) e também atrair mais capital humano, como a lealdade de seus funcionários, diminuindo a rotatividade de pessoal.  
 

“Independente de comprovações no retorno financeiro das empresas que adotam práticas ESG, as empresas precisam considerar que o tratamento cordial e respeito com pessoas, sejam, clientes, fornecedores ou empregados é primordial em qualquer negócio para se sustentar a longo prazo. Sem contar também o tratamento cuidadoso com menor impacto ambiental com os seus negócios e com a adoção de medidas mitigadoras de danos ao meio ambiente”, acrescenta.  
 

Segundo o docente, também é preciso se atentar para mecanismos de governança que cumpram com os contratos estabelecidos pela organização e não se envolvam em problemas de corrupção ou desvios por má conduta. Desta forma, todos são beneficiados com as práticas ESG.  
 

Ainda na opinião de Garcia, o futuro do ESG no Brasil talvez não seja o mesmo que ocorre nos países desenvolvidos. Embora o Brasil possua alguns avanços em fatores ambientais por exemplo, com uso de energias limpas, como hidrelétricas e combustível de etanol, temos uma grande defasagem em questões sociais, com uma desigualdade social extremamente grande.  
 

O especialista: Alexandre Sanches Garcia é Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas-SP, mestre em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atuou em empresas de grande porte como PriceWaterhouseCoopers, General Motors e Philip Morris. Sócio de empresa de consultoria, Pró-Reitor da Pós-Graduação e Professor dos Programas de Mestrado em Ciências Contábeis e de Administração da FECAP-Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e Conselheiro efetivo do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (gestão 2020-2023). Título de Acadêmico recebido pela APC-Academia Paulista de Contabilidade.  

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