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Democratizar de maneira uniforme a educação digital é o desafio pós-pandemia

            Qual contribuição a pandemia...
Imprensa | 12/04/2023
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            Qual contribuição a pandemia deixou para a Educação a Distância (EaD)? Segundo o pró-Reitor de Extensão e Desenvolvimento da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Wanderley Carneiro, a necessidade de adaptar o ensino presencial ao ambiente remoto acelerou um processo de digitalização que ja vinha ocorrendo. Agora, o principal desafio é democratizar de maneira uniforme a educação digital.

            Segundo o educador, os cursos na modalidade EaD já vinham ganhando espaço de maneira acelerada e se desenvolvendo em função das novas plataformas de aprendizagem, das novas tecnologias de comunicação e, sobretudo, pela evolução dessa área, graças às pesquisas acadêmicas e ao forte trabalho desenvolvido por gestores, professores, empresas que desenvolvem recursos para o EaD,  dentre outros. A tendência de crescimento rápido era esperada e comentada em fóruns de educação, mas a pandemia, de fato, acelerou bastante o processo.

            “Um exemplo que eu sempre gosto de destacar é o fato de que sistemas como o Zoom,  Meet e o Teams, que já existiam e eram pouco usados, passaram a fazer parte da vida dos estudantes, dos profissionais e até das famílias. Isso certamente foi acelerado pela pandemia da Covid-19”, opina.

            O docente lembra que a EaD tradicional, conforme definido pelos especialistas no mundo todo e implantado em muitas escolas, continuou seu processo com ajustes mínimos.  A EaD já abarcava um currículo que usa tempos e espaços diferentes do ensino presencial e por meio digital. Então, essa EaD, que já vinha se desenvolvendo, manteve sua trajetória e foi potencializada pelos novos recursos desenvolvidos na pandemia, ocasionando uma melhoria nos seus processos.

            “O ensino presencial abruptamente foi obrigado a encarar muitos desafios e ocorrer por meios digitais. Mas não houve tempo para uma mudança da modalidade presencial para a EaD conforme este último ocorria. O ensino presencial mudou para a modalidade remota, aproveitando muitos recursos da EaD,  mas nem todos”.  Entretanto, o balanço foi positivo graças aos mecanismos tecnológicos, meios digitais de comunicação, ambientes virtuais de aprendizagem que já estavam bem ajustados ao processo de EaD tradicional e,  ainda e sobretudo, à grande capacidade de adaptação e motivação das partes envolvidas: gestores, professores e alunos”.

            De uma hora para outra, todos os educadores tiveram que minimamente aprender a usar um sistema de videoconferência, como Zoom, Teams ou Meet. Além disso, há um grupo que também aprendeu a usar outros recursos, como gravar aulas interativas, usar os Ambientes Virtuais de Aprendizagem-AVA, fazer atividades em grupos, mesmo estando todos afastados, aplicar provas usando banco de questões, dentre outros. Os alunos puderam verificar que esses mecanismos podem ser ferramentas úteis ao processo de ensino-aprendizagem e também serem usadas para atividades profissionais e pessoais.

“O lado bom dessas mudanças é o fato de que podemos usá-las a nosso favor a um custo relativamente pequeno. Os sistemas de videoconferência e de AVA têm opções gratuitas, com algumas limitações, mas que podem ser perfeitamente usados por qualquer pessoa com acesso à internet. Isso nos faz economizar tempo e dinheiro em muitas situações”,  afirma o educador.

Já como exemplo do lado ruim das mudanças, o professor cita o mau uso dos recursos para tentar tirar algum tipo de vantagem, seja a vantagem econômica por parte de instituições de ensino que fazem EaD de baixa qualidade, como por parte de alunos que venham usar de modo inadequado alguma parte do processo, visando obter vantagens,  como, por exemplo, plágios e fraudes em avaliações.

            “Outro aspecto que foi sempre apontado como ruim na EAD e que foi confirmado durante a pandemia é o fato de que o ser humano precisa minimamente de relações afetivas presenciais. Somos seres sociais,  gostamos de interagir com outros de nossa espécie. Essa característica também aparece na grande maioria das espécies animais, mas no ser humano, por sua racionalidade, isso ‘pesa’ bastante”.

OS DESAFIOS DA EaD

            No geral, os maiores desafios da EaD no Brasil, segundo Carneiro, são: 

>  Acompanhar a evolução da tecnologia, cada vez mais rápida. A inteligência artificial chega fortemente e vira assunto no mundo todo, por meio do Chat GPT. Como usar isso a favor do processo educacional e não para sabotá-lo? Esse é um dos maiores desafios no momento;

> Os meios de distração oriundas da tecnologia estão dentro da sala de aula no mundo todo. Temos que aprender a lidar com eles e usá-los a nosso favor;

> Especialmente no Brasil e em outros países em desenvolvimento, o desafio é que todos tenham acesso aos mesmos recursos e com a mesma eficácia. Temos que democratizar de maneira uniforme a educação digital.

“Há muitos elementos importantes dentro de um processo de ensino-aprendizagem.  É necessário que esses elementos sejam bem administrados e aí está o segredo do sucesso. A qualidade do processo de ensino-aprendizagem pode ser obtida por meio de cursos EaD,  não tenho dúvida quanto a isso. Entretanto, se faz necessário que haja compromisso de quem participa do processo. É preciso garantir boa comunicação, boas instruções, bons materiais de estudo e um processo de verificação de aprendizagem eficiente. Os profissionais que conduzem esses processos precisam ser capacitados para isso, e os alunos precisam ter motivação para o aprendizado e desenvolvimento”,  acrescenta Carneiro.

            Neste cenário, o especialista afirma que, no geral, o ensino presencial não irá morrer, porque o ser humano precisa se socializar e desenvolver competências ligadas ao relacionamento humano, habilidades socioemocionais, competências que exigem “mão na massa”,  por exemplo.

“Entretanto, vários cursos estão decrescendo muito rapidamente em número de alunos presenciais. Os responsáveis, quando olham para as estatísticas de matrículas desses cursos, devem repensá-los, senão só restará mesmo a modalidade EAD para esse casos”.  

            O especialista finaliza esclarecendo que o processo de educação, principalmente a educação formal ocorrida nas escolas por meio do desenvolvimento curricular, tem como objetivo colocar o aprendiz (estudante) em contato com saberes ligados a várias áreas dos conhecimentos que serão úteis para o desenvolvimento pessoal e profissional desse aprendiz.  De posse desse conhecimento, o aprendiz deverá ser capaz de usá-lo por meio de habilidades, para solucionar problemas, desenvolvendo competências que o tornem capaz de entender melhor a natureza que o cerca e criar soluções que tragam conforto para os seres do mundo real. 

            “Então, independente se a educação é presencial, a distância ou híbrida, o estudante precisará se motivar pela aquisição do conhecimento e de seu uso correto. Pelo lado dos agentes facilitadores, das escolas e professores, é necessário pensar nos meios mais eficientes e ajustados, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra. Nesse contexto, a motivação pode ser considerada um ponto crítico de sucesso”, declara.

O especialista: Wanderley Carneiro é doutor em Educação pela PUC SP (2016).  Especialista em Informática em Educação-UFLA (2003). Mestre em Produção Vegetal (1993) e Engenheiro Agrônomo (1990), pela Universidade Federal de Viçosa-MG.  Bacharel em Administração pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (2009). Atua como Pró-Reitor de Extensão e Desenvolvimento no Centro Universitário FECAP, sendo um dos responsáveis pelo projeto de EaD nessa Instituição. Desenvolve pesquisas nas áreas de Educação e de Gestão de Projetos. Faz parte do Banco de Avaliadores (BASis) do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior do INEP-MEC para instituições e cursos de graduação.

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