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Países desenvolvidos precisam se comprometer com ações concretas para reduzir emissões, diz especialista

As metas estabelecidas pela Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças...
Imprensa | 12/11/2021
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As metas estabelecidas pela Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas só serão atingidas quando os países em desenvolvimento se comprometerem com medidas efetivamente práticas para a redução das emissões e, ainda, apoiarem soluções ambientais nos países em desenvolvimento. 

A avaliação é da professora de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Nadja Heiderich. Ela ressalta que, apesar do esforço mundial e das tratativas realizadas durante a COP26 para a redução das emissões serem genuínos e relevantes, compromissos importantes, como o repasse de recursos aos países em desenvolvimento, até agora não foram concretizados. “Estamos na estaca zero de novo. Precisamos colocar na mesa soluções práticas, e não apenas promessas que, com o passar dos anos, não são realizadas”. 

Uma das promessas que a especialista se refere é o Fundo Verde para o Clima, idealizado em 2009 para o pagamento de U$S 100 bilhões por ano para a redução das emissões dos gases de efeito estufa. Por meio dele, os países desenvolvidos deveriam doar o valor aos países em desenvolvimento, até 2020, segundo o que foi firmado no Acordo de Paris, o que não aconteceu. 

Agora, uma prévia do acordo final que deve ser firmado entre os países que participam da COP26 prevê que será necessária uma contribuição maior do que já havia sido prometido, porém, o documento não estabelece uma nova cifra. “Os países desenvolvidos apresentam promessas, como no Acordo de Paris, mas agora precisamos de um plano de ações concretas. O objetivo era limitar o aquecimento global a 1,5°C até o fim do século, porém, estamos chegando a 2,7°C. Ou seja, temos um tempo menor para atingir a meta, o que pode gerar impactos mais drásticos”. 

A especialista cita como exemplo a China, um dos países mais poluentes, que não aderiu ao acordo para redução das emissões de metano. A falta de um compromisso global por meio de um acordo internacional entre os países pode inviabilizar ações conjuntas com resultados mais concretos. 

Outro ponto que atrapalha o cumprimento das metas é a cobrança desproporcional entre países ricos e pobres. O Brasil, por exemplo, é responsável por cerca de 3% das emissões globais, enquanto a China é responsável por 25% e os Estados Unidos e a União Europeia, juntos, por 30%. “Creio que os países desenvolvidos devem ser mais cobrados em relação à adequação dessas novas políticas. E não podemos deixar de considerar que os países mais pobres não têm acesso a tecnologias de matrizes energéticas mais limpas, com exceção do Brasil”. 

Nadja ressalta que a cobrança excessiva e o bloqueio de recursos condicionados à redução de emissões para os países mais pobres podem perpetuar por um longo tempo a desigualdade de renda e acesso à qualidade de vida. “O modelo de crescimento deve ser alterado, mas sem prejudicar a população dos países que ainda não cresceram e não têm renda elevada como a dos desenvolvidos”.  

Soluções ambientais conjuntas 

Uma forma das questões ambientais evoluírem globalmente é por meio de ações conjuntas entre países ricos e em desenvolvimento, com o financiamento de projetos focados em mitigar problemas sociais, como a falta de saneamento básico, que também geram impacto ambiental.  

Outra saída é o investimento em novas matrizes energéticas nas economias emergentes. “O Brasil, por exemplo, tem um mercado ainda incipiente em relação às tecnologias eólica e solar, mas com potencial elevado, podendo gerar emprego e renda. Estes projetos podem ser explorados pelos países desenvolvidos, não só aqui, mas em outros países do mundo também”. 

A especialista   

Nadja Heiderich é Doutora em Ciências (Economia Aplicada) na Universidade de São Paulo. Possui mestrado em Ciências (Economia Aplicada) pela Universidade de São Paulo (2012). Graduada em Ciências Econômicas pela FECAP (2008). Atualmente é professora no Centro Universitário FECAP e coordenadora do NECON FECAP (Núcleo de Estudos de Conjuntura Econômica). Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: meio ambiente, modelagem matemática, logística, agronegócio. 

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