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Dicas para Educadores Online II

Dois professores dialogam sobre as melhores práticas para proporcionar o melhor aprendizado...
Institucional | 17/08/2020
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Dois professores dialogam sobre as melhores práticas para proporcionar o melhor aprendizado possível para seus alunos num ambiente online.

Prezado Litto:

Espero que você e sua família estejam bem e com saúde!

Sendo um Professor de Administração curioso que sou, mergulhei em textos, artigos, vídeos e cursos  sobre como prover a melhor experiência de aprendizagem online para os meus estudantes nesses tempos de quarenta. Costumo lecionar no modo presencial e realizei a mudança, assim como milhões de professores pelo mundo.

Eis que partilho com o amigo algumas práticas e resultados:

Práticas:

Uso de Fóruns e Diálogos para estimular participação e debates (seja por LMS ou WhatsApp);

Comunicação constante com os estudantes, na maior parte das vezes divididos em grupos, durante os períodos síncronos e assíncronos;

Clareza das etapas da jornada de aprendizagem e das leituras a serem realizadas;

Uso de elementos surpresa para estímulo ao aprendizado e desenvolvimento de competências emocionais;

Avaliação constante dos logs de acesso e da performance dos estudantes nas atividades com feedbacks gerais dados nos momentos síncronos e os específicos formalizados por e-mail.

Resultados:

De um grupo de estudantes, nunca havia recebido tantos elogios em toda a minha vida em 20 anos de magistério, seja nas mídias sociais como nas avaliações formais da Comissão Própria de Avaliação da FECAP;

De outro grupo de estudantes, nunca havia recebido tantas críticas, mas restritas às avaliações formais (foram benevolentes e me pouparam nas mídias sociais; ainda bem que não sabiam  o nome da minha Mãe. Aliás, é Angélica e também é Professora);

O desempenho dos estudantes também foi muito heterogêneo, seja nos aspectos comportamentais como técnicos.

Do que pude perceber como aquilo que funcionou bem foi o canal de comunicação aberto o tempo todo, assim como o “microplanejamento” da jornada dos estudantes nos momentos síncronos e assíncronos;

Do que pude perceber como aquilo que não funcionou bem, foi pressupor o cumprimento de leituras e preparação prévia dos estudantes… assim como eu tive a situações de aulas síncronas ou reuniões de grupos com câmeras fechadas e sem participação. Utilizei por vezes a técnica de “cold calling” (chamando um estudante para dialogar de forma sutil durante o momento síncrono) e fiquei no vazio… sorte que eu tinha alunos atentos que acabavam pedindo a palavra e dando sequência nos diálogos.

Por fim, utilizo uma metodologia ativa chamada Laboratório de Gestão Empresarial. O estudante é o protagonista do seu aprendizado por meio de um jogo de empresas. Eu assumo a posição de Consultor e de Presidente do Brasol, país fictício; e eles assumem as posições de CEOs e Diretores de empresas de smartphones. Um grupo de estudantes compreende os papéis e assume o protagonismo da aprendizagem; outro grupo reclama que “não está tendo aula”, pelo fato de não ser uma aula expositiva típica (detalhe: eu cobro as consultorias e reduzo dos resultados das empresas, o que impactará nas notas; é a vida!). E como Presidente do Brasol, defino políticas públicas e situações ambientais que surpreendem os estudantes. Para certo grupo de alunos, tais surpresas são ótimas; mas para outros mal avaliadas (ex: ter tido queda no PIB por causa da COVID-19; ter realizado mudanças no número de rodadas de negócios por noite e ter dado uma prova-bônus surpresa, etc.).

Como frequentador assíduo dos eventos da ABED-Associação Brasileira de Educação a Distância e também fã do pão-de-queijo servido em sua aconchegante residência enquanto aprendo muito ou ouvi-lo, adoraria saber suas percepções. Acredito que também tenha acontecido com muitos professores pelo Brasil e pelo mundo. Muito obrigado!

Caro Taiguara:

Seguem questões quanto ao planejamento dos nossos cursos online. Se fosse ao vivo, ouviria as questões com meu sotaque do Brooklyn, New York, e comendo o pão-de-queijo de Patos de Minas.  Let´s go:

1.      Qual a modalidade do Curso? Totalmente online, Híbrido (online acima de 50%), Híbrido (online 25-50%) ou Síncrono via web?

2.      Qual o Ritmo? Autorregulado (entrada aberta, saída aberta), Regulado pelo grupo ou Regulado pelo grupo com alguma autorregulamentação?

3.      Qual a proporção de estudantes no Curso? Menos que 35? Mais de 1.000?

4.      Qual a Pedagogia? Expositiva, Prática, Exploratória, Colaborativa… um pouco de cada?

5.      Qual o papel das Avaliações? Determinar se o aluno está pronto para novo conteúdo, informar ao Sistema como apoiar o aluno (instrução adaptativa), fornecer ao aluno ou instrutor informação sobre o estado para a aprendizagem ou insumo para atribuir uma nota?

6.      Qual o papel do Instrutor Online? Instrução online ativa, Presença online reduzida ou nenhum?

7.      Qual o papel do Aluno Online? Ouvir ou ler, Solucionar problemas ou responder a perguntas, Explorar simulações e outros recursos e Colaborar com pares? Aliás, isso está combinado com eles?

8.      Qual a Comunicação Online? Assíncrona, síncrona ou mistura de ambas?

9.      Qual a fonte de Retroalimentação? Automatizada, o Instrutor ou os Alunos Pares?

[São questões adaptadas de: Barbara Means, Marianne Baker e Robert Murphy, Learning Online: What Research Tells Us About Whether, When and How. NY: Routledge, 2014.]

Mais uma questão importante para pensar:

10.  Como é feito o Controle de Integridade Acadêmica? Há uma declaração, assinada pelo estudante, de conformidade com as regras de originalidade entregue em cada tarefa? Há emprego de software de detecção de plágio?

Há muitas dimensões e cuidados para se realizar cursos online. É uma modalidade que exige mais do estudante: mais motivação e mais maturidade. É importante que as escolas invistam em capacitações de professores, no enriquecimento dos cursos e dos materiais. Fazer um curso online não é necessariamente mais barato. Espero eu que tenha ajudado a pensar!

TAIGUARA LANGRAFE é Vice-Reitor da FECAP, ex-Presidente da ANGRAD, Conselheiro do CRA-SP e do EQUAA.

FREDRIC LITTO é Presidente da ABED, Professor Emérito da ECA/USP e membro de diversos conselhos e comitês nacionais e internacionais ligados à EAD.

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