O mercado de motocicletas no Brasil tem crescido significativamente. Até o terceiro trimestre de 2024, foram produzidas 1.323.300 motocicletas no Polo Industrial de Manaus, maior número em 12 anos. O volume representa um crescimento de 11% em relação a 2023. Além disso, as vendas de motos aumentaram 18,6% no ano passado, totalizando 1,88 milhão de unidades comercializadas. Esse crescimento é impulsionado pela demanda do setor de entregas e delivery, pela expansão do crédito e pelo interesse crescente em veículos mais econômicos.
Nesse cenário, muitas pessoas recorrem ao financiamento para adquirir uma moto. No entanto, essa decisão requer planejamento e atenção a diversos fatores para evitar endividamentos excessivos e surpresas financeiras.
O professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib, compartilha orientações essenciais para quem deseja financiar uma moto com segurança.
“Financiar uma moto pode ser uma excelente alternativa para facilitar a mobilidade e até gerar renda, desde que seja feito com planejamento e consciência financeira. Comparar ofertas, calcular todos os custos e avaliar as opções de crédito são passos essenciais para garantir uma compra segura e sustentável”, afirma o docente.
Planejamento financeiro: o primeiro passo
Antes de assinar um contrato de financiamento, é essencial avaliar a própria situação financeira. “O ideal é que a parcela da moto não comprometa mais do que 30% da sua renda líquida mensal”, alerta El Khatib. Utilizar aplicativos de controle financeiro ou planilhas pode ajudar a visualizar os gastos fixos e variáveis, permitindo um planejamento mais preciso.
Comparação de taxas e condições
As taxas de juros variam entre instituições financeiras e podem impactar significativamente o custo final da moto. “Um financiamento com juros de 2% ao mês pode fazer com que uma moto de R$ 15.000 acabe custando R$ 21.000 ao final de 36 meses”, exemplifica o professor da FECAP. Por isso, pesquisar diferentes opções e negociar melhores condições são passos fundamentais.
Custos adicionais e escolha do veículo
Além do valor financiado, é preciso considerar despesas como IPVA, licenciamento, seguro obrigatório, manutenção e combustível. “Esses custos podem impactar o orçamento e devem ser previstos antes da compra”, ressalta El Khatib. No caso de motos usadas, é fundamental verificar o histórico do veículo, conferir a procedência e contar com a avaliação de um mecânico de confiança para evitar problemas futuros.
CDC ou consórcio: qual a melhor escolha?
Dentre as modalidades de crédito, o Crédito Direto ao Consumidor (CDC) permite que o comprador utilize a moto desde o início, mas com juros sobre o financiamento. Já o consórcio funciona como um fundo coletivo, no qual os participantes contribuem mensalmente até serem contemplados com a carta de crédito. “O CDC é mais indicado para quem tem pressa, enquanto o consórcio pode ser vantajoso para quem pode esperar e quer evitar juros”, explica o especialista.
Financiamento sem entrada: vantagens e riscos
Optar por um financiamento sem entrada pode parecer uma solução prática, mas aumenta o custo total do financiamento devido aos juros mais altos. “Se possível, o ideal é economizar para dar uma entrada maior, reduzindo assim o valor das parcelas e os encargos financeiros”, finaliza El Khatib.
O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é Doutor em Administração de Empresas e Educação, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, graduado em Ciências Contábeis; Pós-doutor em Contabilidade e Administração, e e graduando e doutorando em Psicologia Clínica. É professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Foi chefe geral do orçamento da Secretaria Municipal de Finanças de São Paulo entre os anos de 2016 e 2019.