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Terapia financeira: psicologia explica a relação com o dinheiro 

A relação das pessoas com o dinheiro vai muito além de números, planilhas e orçamentos....
Imprensa | 26/02/2025
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A relação das pessoas com o dinheiro vai muito além de números, planilhas e orçamentos. Questões emocionais, crenças enraizadas e padrões de comportamento influenciam diretamente a forma como lidamos com nossas finanças. É exatamente nesse ponto que a “Terapia Financeira” surge como uma abordagem inovadora e interdisciplinar, unindo o planejamento financeiro à psicologia para ajudar indivíduos a compreender e modificar sua relação com o dinheiro. 

Segundo o professor Ahmed El Khatib, especialista no assunto e docente da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), a terapia financeira é um campo emergente que busca tratar desafios financeiros não apenas do ponto de vista técnico, mas também comportamental e emocional. “Muitas vezes, as dificuldades financeiras não estão ligadas exclusivamente à falta de renda ou planejamento inadequado, mas sim a padrões inconscientes que determinam como a pessoa gasta, poupa e investe”, explica El Khatib. 

SCRIPTS FINANCEIROS 

Um dos principais conceitos da terapia financeira são os “scripts financeiros”, que representam crenças enraizadas sobre dinheiro, geralmente adquiridas na infância e perpetuadas ao longo da vida. Um exemplo comum é o pensamento de que “dinheiro é sujo” ou “dinheiro traz infelicidade”, o que pode levar uma pessoa a evitar oportunidades de crescimento financeiro por medo de que a prosperidade prejudique suas relações pessoais. 

Por outro lado, algumas pessoas crescem com o script de que “quem trabalha muito, ganha muito”, o que pode resultar em uma vida de trabalho excessivo, negligenciando saúde e lazer. “Ao identificar e questionar esses scripts, a terapia financeira permite que as pessoas reescrevam suas narrativas e desenvolvam hábitos mais equilibrados”, acrescenta o professor. 

TRATAMENTO DE TRANSTORNOS FINANCEIROS 

A terapia financeira também se mostra eficaz no tratamento de transtornos relacionados ao dinheiro, como compulsão por compras, jogo patológico e até mesmo o medo irracional de gastar. Por meio de técnicas como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a terapia financeira pode auxiliar a identificar gatilhos emocionais, reestruturar pensamentos negativos e desenvolver estratégias práticas para lidar com suas finanças de maneira mais saudável. 

Por exemplo, uma pessoa que sofre de compras compulsivas pode ser levada a analisar seus padrões de consumo: ela gasta mais em momentos de estresse ou tristeza? Há uma relação entre suas compras e sua autoestima? A partir dessas reflexões, um terapeuta financeiro pode ajudá-la a criar um plano de contenção de gastos e a desenvolver formas mais saudáveis de lidar com suas emoções. 

Outro transtorno comum é a fobia financeira, onde a pessoa evita lidar com qualquer assunto relacionado a dinheiro, como abrir faturas do cartão ou conferir extratos bancários. “Esse comportamento pode gerar um ciclo de ansiedade, agravando problemas financeiros e emocionais. A terapia financeira trabalha para quebrar essa resistência e ensinar o indivíduo a administrar suas finanças sem medo”, detalha o docente. 

DIFERENÇA ENTRE TERAPIA FINANCEIRA, PLANEJAMENTO FINANCEIRO E PSICOTERAPIA 

Diferente do planejamento financeiro tradicional, que se concentra em estratégias práticas como orçamento, investimentos e gestão de dívidas, a terapia financeira analisa os aspectos psicológicos e emocionais por trás do comportamento financeiro. Enquanto um planejador financeiro pode ajudar alguém a construir uma carteira de investimentos, um terapeuta financeiro trabalhará as crenças e emoções que impedem essa pessoa de investir com confiança. 

Já a psicoterapia, embora trate questões emocionais amplas, não necessariamente aborda o dinheiro como um fator central. “A terapia financeira preenche essa lacuna ao unir as finanças à psicologia, oferecendo uma abordagem holística para problemas financeiros”, esclarece o professor. 

INFLUÊNCIA CULTURAL NA RELAÇÃO COM O DINHEIRO 

Além dos fatores individuais, a cultura também desempenha um papel crucial na maneira como as pessoas lidam com suas finanças. Em algumas sociedades, o acúmulo de riqueza é visto como um sinal de sucesso, enquanto em outras, valores como simplicidade e coletividade são priorizados. 

Por exemplo, em culturas onde o consumo é altamente incentivado, como nos Estados Unidos, pode ser mais difícil para um indivíduo desenvolver hábitos de poupança. Já em países onde há um histórico de crises econômicas frequentes, como o Brasil, muitas pessoas podem desenvolver uma mentalidade de escassez, com medo constante de perder o que têm. 

A terapia financeira leva esses aspectos culturais em consideração, ajudando o indivíduo a identificar como sua história e seu ambiente moldaram sua relação com o dinheiro e a construir uma abordagem mais equilibrada e adaptada à sua realidade. 

BENEFÍCIOS DA TERAPIA FINANCEIRA 

A terapia financeira não é destinada apenas a pessoas endividadas ou em crise financeira. Qualquer indivíduo que queira entender melhor sua relação com o dinheiro, melhorar hábitos financeiros e desenvolver uma mentalidade mais saudável pode se beneficiar dessa abordagem. 

“Empresários que lidam com insegurança ao tomar decisões financeiras, investidores que têm medo de assumir riscos, casais que enfrentam conflitos sobre finanças no relacionamento – todos podem encontrar na terapia financeira um caminho para maior clareza e equilíbrio”, completa o especialista. 

O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é Doutor em Finanças e Doutor em Educação, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, graduado em Ciências Contábeis, Pós-doutor em Contabilidade e Pós-doutor em Administração.  É graduando e doutorando em Psicologia Clínica. É professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

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