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Economia e guerra: veja como conflitos causam prejuízos aos países envolvidos 

As guerras têm impactos significativos nas economias dos países diretamente envolvidos,...
Imprensa | 19/03/2024
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As guerras têm impactos significativos nas economias dos países diretamente envolvidos, resultando em diversas consequências econômicas negativas. Segundo professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), Ahmed El Khatib, os conflitos armados em diferentes partes do mundo têm repercussões globais que afetam diretamente a economia brasileira, especialmente em setores-chave como agricultura e energia. 

Como exemplo, ele lembra da guerra na Ucrânia, que teve início em 24 de fevereiro de 2022, e ainda está causando um impacto significativo na economia global, incluindo a brasileira. 

“No Brasil, a dependência de fertilizantes importados da região em conflito gerou preocupações iniciais, mas a continuidade das exportações ajudou a manter o suprimento no mercado brasileiro. No entanto, os impactos da guerra se refletiram nos preços dos produtos agrícolas e em setores como energia e combustíveis”, explica. 

Além de afetar o mercado de fertilizantes, com preços em alta e preocupações sobre importações, o conflito já deixou um número alarmante de civis mortos e feridos, causando uma incerteza econômica considerável. A estrutura do comércio internacional foi abalada pela guerra, ampliando as dificuldades econômicas já existentes. A crise alimentar é uma das consequências diretas do conflito, com possíveis escassez de alimentos no Oriente Médio e na África devido à interrupção das exportações de grãos da Ucrânia. 

Segundo projeções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o conflito na Ucrânia pode consumir até US$ 2,8 trilhões até o final de 2023. Este impacto se estende para países como China, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e Brasil. 

“Esse exemplo ilustra como as guerras podem ter efeitos devastadores nas economias dos países envolvidos, resultando em perdas humanas, destruição de infraestrutura, interrupção do comércio internacional, instabilidade econômica, deslocamento de populações e consequências a longo prazo que afetam negativamente o desenvolvimento econômico e social”. 

O BRASIL NAS GUERRAS 

Segundo El Khatib, nos últimos 50 anos, o Brasil foi impactado por diversos eventos e conflitos que afetaram sua economia, incluindo o choque do petróleo e suas ramificações. 

O primeiro choque do petróleo, ocorrido há quase 50 anos, teve um impacto significativo na economia brasileira. A dependência do Brasil em relação aos preços do petróleo afetou diretamente a inflação e os custos de produção no país. A crise resultante desse choque levou a uma busca por alternativas energéticas, como o Proálcool, que visava reduzir a dependência do petróleo e impulsionar a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar. 

Ainda segundo o professor da FECAP, é importante ressaltar que os impactos de conflitos e crises econômicas globais não se limitam apenas aos aspectos financeiros e comerciais, mas também têm consequências humanitárias significativas. 

“Guerras e instabilidades em diferentes partes do mundo resultam em deslocamentos em massa, violações dos direitos humanos, crises de refugiados, fome e sofrimento para milhões de pessoas. “Além disso, tais eventos podem gerar instabilidade política, social e econômica em nível global, afetando a segurança e o bem-estar de populações inteiras, impactando negativamente o valor de muitas empresas brasileiras”, afirma. 

HISTÓRIA MOSTRA EXEMPLOS 

Aqui estão alguns exemplos de como as guerras afetam as economias dos países envolvidos: 

Primeira Guerra Mundial: resultou em perdas humanas e estruturais significativas, impactando severamente a economia dos países envolvidos. Cerca de 8,5 milhões de militares e 10 milhões de civis foram mortos no conflito. 

Além disso, houve uma grande perda de infraestrutura, como estradas, ferrovias, hospitais, entre outros. A pandemia de gripe espanhola que se seguiu à guerra matou cerca de 30 milhões de pessoas e afetou ainda mais a economia global. 

Segunda Guerra Mundial: deixou um rastro de destruição e prejuízos econômicos massivos. O conflito global, que ocorreu entre 1939 e 1945, resultou em perdas humanas estimadas em cerca de 70 a 85 milhões de vidas. Além disso, a infraestrutura de muitos países foi devastada, com cidades inteiras destruídas por bombardeios e combates terrestres. 

O custo econômico da Segunda Guerra Mundial foi colossal, com prejuízos estimados em trilhões de dólares, afetando não apenas os países diretamente envolvidos, mas também a economia global. A reconstrução pós-guerra foi um desafio monumental para muitas nações, levando anos e recursos significativos. 

GUERRAS EM ANDAMENTO NO PLANETA 

O professor da FECAP lista, a seguir, algumas das guerras civis atualmente em andamento em diferentes partes do mundo. Segundo o docente, cada conflito tem suas próprias complexidades e motivações, e todos têm impactos significativos sobre as populações locais e a comunidade internacional. 

Guerra na Ucrânia: a guerra na Ucrânia começou em 2014, quando a Rússia anexou a Crimeia e apoiou separatistas no leste ucraniano. O conflito é motivado por questões geopolíticas, étnicas e territoriais, resultando em um número significativo de mortes, deslocamentos e tensões internacionais. 

A guerra tem impactado as economias globais indiretamente, mas países como o Brasil estão entre os mais afetados economicamente. A dependência de combustíveis fósseis e fertilizantes importados da região em conflito tem causado impactos diretos na economia brasileira, levando a problemas como inflação e escassez de insumos agrícolas. 

Guerra Civil na Síria: a guerra civil na Síria começou em 2011 como um conflito entre o governo e manifestantes pró-democracia, mas rapidamente se transformou em uma guerra civil de grande escala envolvendo vários países estrangeiros e grupos extremistas como o Estado Islâmico e a Al-Qaeda. 

Como parte da Primavera Árabe, o conflito prolongado causou uma destruição generalizada no país, afetando severamente a economia síria, e resultou em uma das maiores crises humanitárias desde a Segunda Guerra Mundial. 

A infraestrutura básica do país, incluindo estradas, hospitais e escolas, foi amplamente destruída. Isso teve um impacto direto na economia local e na qualidade de vida da população síria. Milhões de pessoas perderam acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, enquanto mais da metade da população depende atualmente de ajuda humanitária para sobreviver. 

Além disso, estima-se que quase 600 mil pessoas tenham perdido suas vidas até o final de 2020, e mais de 13 milhões foram obrigadas a abandonar suas casas em busca de segurança. A guerra na Síria gerou um empobrecimento generalizado da população e uma crise humanitária sem precedentes, com consequências econômicas e sociais profundas que continuam a afetar o país e sua população. 

Guerra Civil no Sudão: o conflito começou em 2003 e é motivado por questões políticas, étnicas e territoriais. Os confrontos entre o governo e grupos rebeldes no Darfur resultaram em uma crise humanitária com milhares de mortes e deslocados. 

Guerra Civil em Mianmar: após o golpe militar em 2021, grupos insurgentes étnicos e civis se uniram para resistir ao novo regime. A violência aumentou, levando a confrontos armados em várias regiões do país, resultando em mortes e deslocamentos em larga escala. 

Guerra Civil no Iêmen: a guerra civil no Iêmen começou em 2014 e é resultado de uma disputa entre os rebeldes xiitas houthis e as forças do governo, apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita. O conflito tem causado milhares de mortes e deslocados, e a situação humanitária é extremamente crítica. 

Guerra Civil no Sudão do Sul: o Sudão do Sul é o país mais novo do mundo, mas enfrenta uma guerra civil desde 2013. O conflito é motivado por questões políticas, étnicas e econômicas e tem resultado em milhões de deslocados e uma grave crise humanitária. 

Guerra Civil na República Centro-Africana: a guerra civil na República Centro-Africana começou em 2012 e é resultado de uma disputa entre grupos rebeldes e o governo. O conflito tem causado milhares de mortes e deslocados, e a situação humanitária é extremamente crítica. 

Guerra Civil na Somália: a guerra civil na Somália começou em 1991 e é resultado de uma disputa entre grupos rebeldes e o governo. O conflito tem causado milhares de mortes e deslocados, e a situação humanitária é extremamente crítica. 

Guerra Civil no Mali: a guerra civil no Mali começou em 2012 e é resultado de uma disputa entre grupos rebeldes e o governo. O conflito tem causado milhares de mortes e deslocados, e a situação humanitária é extremamente crítica. 

O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é Doutor em Administração de Empresas, Doutor em Educação, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC/SP e graduado em Ciências Contábeis pela USP. É pós-doutor em Contabilidade pela Universidade de São Paulo e pós-doutor em Administração pela UNICAMP. É professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).  

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