Número é 29% maior do que antes da pandemia. Levantamento traz as cidades e bairros de São Paulo mais perigosos e modelos mais visados pelos criminosos
O Estado de São Paulo registrou um total de 39.462 roubos e furtos de motocicletas, no ano passado. O número é 38% maior do que em 2021. A principal alta foi na modalidade de furto, 42%, que também apresenta um volume maior de eventos, na comparação com roubos, que cresceu 30%. Os dados são do Boletim Tracker-Fecap, que acaba de ser divulgado.
O mês de dezembro é o mês mais perigoso, nas duas modalidades. Segundo o coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP, Erivaldo Costa Vieira, “há uma tendência sazonal nos dados, com os meses de dezembro tendo ocorrências mais elevadas e os meses de julho com menos ocorrências. Esta informação pode ser útil para aplicar medidas preventivas eficazes e ajustar estratégias de segurança para a região em questão”.
O coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, Vitor Corrêa, destaca que o crescimento dos delitos atingiu as motos de baixa e de alta cilindrada. “O comércio ilegal de peças é o principal motivador. Com veículos que chegam a custar na casa dos 6 dígitos, a falta de fiscalização desses locais e a falta de consciência da sociedade em exigir a nota fiscal na compra de uma peça usada contribuem para o crescimento constante deste mercado ilícito”, afirma. Ele acrescenta que a expansão de empresas do ramo e-commerce, aplicativos de entregas e até mesmo a popularização do home office contribuíram diretamente para impulsionar a exposição de veículos desta categoria nas ruas e os delitos de roubo e furto aumentam, proporcionalmente.
“O crescimento de crimes concorrentes como extorsão mediantes sequestro (PIX) e Golpe do Aplicativo de Amor também colaboram com a elevação dos roubos e furtos de motos, por desviar recursos materiais e humanos da segurança pública para coibir esses crimes”, corrobora Erivaldo Costa Vieira.
O coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP destaca que São Paulo diminuiu a participação percentual nas ocorrências de furtos, enquanto Campinas, Santos e São Bernardo do Campo aumentaram a participação, indicando uma possível transferência dos furtos para essas localidades. “É importante destacar ainda que houve uma variação significativa na participação de São Vicente, que teve uma elevação de 1,33%, em 2021, para 1,85% em 2022, e Guarulhos e Carapicuíba, que tiveram uma pequena queda em suas participações percentuais. Em geral, os dados indicam que houve uma mudança na concentração dos furtos de motocicletas em diferentes cidades, o que pode ser importante de ser monitorado e investigado para que medidas possam ser tomadas para prevenir futuros furtos”, alerta Erivaldo Costa Vieira.
Cidade de São Paulo
As ocorrências de roubo cresceram 21% na capital paulista, entre 2021 e 2022. Já as de furto foram 26% maiores.
Bairros mais perigosos
Os bairros de Santo Amaro, Itaquera e Pedreira tiveram aumento significativo na quantidade de roubos, com variações de 45%, 67% e 63%, respectivamente. Já Capão Redondo, Campo Limpo e Jardim Ângela registraram redução na ocorrência de roubos, com variações de -7%, -4% e -13%, respectivamente.
Já os bairros com crescimento mais significativo de furtos foram Lapa (50%), Jardim Paulista (36%) e Santo Amaro (35%). Houve uma redução nas ocorrências em bairros como Santana (-8%) e Itaim Bibi (-6%).
Dados são maiores do que antes da pandemia
O estudo traz ainda um comparativo com 2019, ano anterior a pandemia da Covid-19. De lá para cá, a alta foi de 29% no total de eventos por ano, em todo o Estado de São Paulo. As ocorrências de roubo cresceram 15% e de furto 37%.
“Não temos dúvidas que este panorama não deve melhorar, muito pelo contrário, estamos sempre buscando investimento em tecnologia, capacitação e prevenção como estratégias contra os criminosos. Por isso, contratar um seguro para proteger o bem e/ou investir em um rastreador é de fundamental importância. Hoje existem diversas opções no mercado para atender a necessidade de todos”, aconselha o coordenador do Comando de Operações do Grupo Tracker, Vitor Corrêa.
Modelos mais visados
De acordo com o coordenador do Departamento de Pesquisas em Economia do Crime da FECAP, o roubo e o furto de motocicletas são resultados diretos da lógica capitalista, onde o objetivo é o lucro. “Por isso, os modelos mais visados são os de menor cilindrada e preço, pois há uma grande quantidade desses veículos no mercado, o que gera uma demanda elevada por peças de reposição. Dessa forma, os criminosos encontram facilidade para vender rapidamente essas peças, obtendo lucro”, finaliza Erivaldo Costa Vieira.