fbpx

Os principais problemas econômicos do Brasil para o próximo presidente

O próximo presidente do Brasil terá dois principais desafios na área econômica: a economia...
Imprensa | 23/02/2022
Compartilhe: twitter facebook linkedin whatsapp

O próximo presidente do Brasil terá dois principais desafios na área econômica: a economia estará paralisada e a indústria bastante afetada pelos efeitos adversos dos últimos anos. O próximo governo vai ter um imenso desafio que é além da gestão da política econômica, uma vez que em 2023 colheremos os resultados ruins de decisões fiscais que foram tomadas no passado recente. 

Estamos com a inflação muito elevada e taxas de desemprego que apesar de estáveis, continuam bem altas em um ano mais curto, de eleições no âmbito federal e estadual. Se observamos os últimos dois anos, percebemos que conseguiremos recuperar o que perdemos em 2023, mas isso não é o bastante, pois não estamos crescendo. Além disso, o ano eleitoral demonstra baixa ou nenhuma probabilidade de aprovarmos no âmbito Legislativo reformas que coloquem o Brasil numa retomada econômica agressiva. 

O Brasil está em uma delicada situação fiscal. Apesar da melhora no resultado primário em 2021, pela primeira vez desde 2013, e da relação dívida/PIB ter baixado significativamente em relação aos níveis de 2020, a tendência é de uma situação muito mais complicada em 2022. Ainda que a economia se recupere em 2022, o aumento dos gastos públicos (principalmente pela alteração no teto de gastos), fará com que só tenhamos algum fôlego a partir de 2028. Esse nível de endividamento limita qualquer chance de crescimento real.  

Podemos listar alguns (dos muitos) fatores que trouxeram o Brasil para a atual situação de deterioração econômica. O primeiro deles é a piora das contas públicas. Essa piora é consequência da mudança na regra do teto de gastos, que provocou uma piora da percepção de risco para os investidores (nacionais e estrangeiros) em relação ao Brasil. Esse cenário fez com que o real perdesse muito valor em relação ao dólar e contribuísse efetivamente (e infelizmente) para o aumento cada vez mais agressivo a inflação. 

Por falar em inflação, esse é o segundo fator complicador para o próximo presidente. A inflação teve início com choques em preços de alimentos, combustíveis e energia elétrica, mas contaminou rapidamente toda a economia e já está em dois dígitos. Essa alta de preços obrigou o Banco Central do Brasil a aumentar a taxa básica de juros (SELIC), contribuindo com a paralisação da economia. A alta da SELIC é um dos fatores que esfriaram nossa econômica. 

O aumento da inflação para dois dígitos forçará o COPOM (Comitê de Política Monetária) a aumentar, de forma mais agressiva, a SELIC. Com essa tendência de alta da inflação e da SELIC, teremos menos consumo e desaceleração econômica. Esses dois fatores são os principais problemas domésticos da nossa economia. 

Além disso, desde 2014, o Brasil não registra superávit primário, ou seja, não sobra dinheiro nas contas públicas, depois de pagar as despesas, para quitar os juros da dívida do governo. Com isso, o endividamento do Brasil se tornou elevado para uma economia emergente e passou a ser acompanhado de perto pelos investidores. 

Podemos citar também o contexto internacional: as principais economias começaram a mexer na taxa de juros, a exemplo dos Estados Unidos, e isso contribui diariamente para a desvalorização do real. 

Outro fator relevante e que influencia a economia há dois anos é própria a corrida eleitoral, em especial a presidencial. A incerteza traz poucos movimentos relevantes para o país em 2022. As decisões de investimentos das empresas (novos investimentos ou expansão dos atuais) ficaram para 2023. 

Logo de cara, o presidente eleito nas próximas eleições precisa restabelecer um quadro macroeconômico estável. A estabilidade é o principal pilar do crescimento e condição essencial para o avanço de outros temas estruturais, pois a fragilidade econômica reduz o espaço para a negociação política. Como fazer isso de forma conjunta e permanente é a pergunta do milhão que deverá ser respondida pelo atual e próximo governos. 

2022 é um ano de transição e enquanto não soubermos qual é o caminho a seguir, não podemos nos mexer, pois as reformas estruturantes ainda não saíram do papel. Fazendo uma analogia com um filme que você assiste em sua plataforma de streaming, estamos “pausados” nesse “filme” chamado economia brasileira, aguardando para dar o “play” e continuarmos a vida. 

O especialista    

Ahmed Sameer El Khatib: Doutor em Administração de Empresas, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais pela PUC/SP e graduado em Ciências Contábeis pela USP. Concluiu seu estágio pós-doutoral em Contabilidade na Universidade de São Paulo. É professor e coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). 

Os principais problemas econômicos do Brasil para o próximo presidente

Notícias Relacionadas

SIGA A FECAP NAS REDES SOCIAIS

Quer saber mais sobre a FECAP?

© Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - FECAP - Todos os direitos reservados