O governo do presidente Iván Duque apresentou ao Congresso Nacional da Colômbia uma polêmica reforma tributária que impactaria diretamente os mais pobres e cidadãos de classe média do país, o que levantou uma onda de protestos violentos em cidades como Bogotá, Barranquilla, Medellín e Cali – esta última tornou-se o epicentro dos confrontos entre policiais, militares e manifestantes.
A maior crítica é pelo fato de que o argumento para o projeto tenha sido aumentar a arrecadação do governo em meio à crise causada pela Covid-19, taxando sobretudo as classes mais baixas, em favorecimeto das mais ricas
Com a forte repercussão negativa, o governo colombiano voltou atrás e decidiu retirar o projeto da pauta, comprometendo-se a apresentar um novo projeto, com maior participação popular e aumentando a parcela de contribuição das classes mais abastadas.
O aluno do curso de Graduação em Ciências Contábeis da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Vitor Rossi Sampaio esteve em intercâmbio no país em 2020 e, a seguir, opina e relata um pouco do que viveu e ouviu de conhecidos, como seu colega advogado Gustavo Ayala, sobre o momento que a Colômbia está vivendo.
“Tive o privilégio de trabalhar e estudar na Colômbia no ano de 2020, um país de pessoas receptivas, um povo alegre, unido e extremamente patriota. Trouxe comigo muitas amizades e contatos profissionais, que me relataram o grande absurdo que está acontecendo na política financeira e tributária, fora o contexto político e de problemas quanto a segurança pública.
Abaixo, seguem as principais mudanças que causaram extrema revolta na população, que, como disse acima, é patriota e nada mais está fazendo do que lutar pela própria justiça em meio a esse caos que a COVID trouxe ao país, onde há uma taxa alta de desempregos, principalmente entre os mais jovens.
- De zero para 19% de imposto (IVA) na cesta básica
- De zero pra 19% de contas de casa, como, por exemplo, água, luz e gás.
- Mudanças na declaração de imposto de renda, que antes só declarava e pagava quem ganhava acima de 49 milhões de pesos colombianos por ano, cerca de (5.500 reais por mês), e o governo, na proposta, abaixava essa faixa para basicamente metade desse valor, cerca de 2300 reais (afetaria bastante a classe média)
- Além disso também imputou imposto para serviços funerários, que antes eram isentos.
Com todas essas mudanças significativas, vemos que o motivo da revolta realmente é justo, pois o governo, com essas mudanças, afetaria diretamente as classes média e baixa, que sofrem com o desemprego e o aumento de todas as contas, que, com a imputação do novo IVA (equivalente ao ICMS no Brasil), quebraria a sociedade monetariamente.”