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Selic já chegou a 45%! Especialista relembra história da taxa

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) subiu nesta quarta-feira,...
Imprensa | 07/05/2021
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O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC) subiu nesta quarta-feira, 05 de maio, a meta para os juros básicos (Selic) em 0,75 ponto, de 2,75% para 3,50%. 

O aumento da taxa de juros ocorre em meio ao avanço da inflação, que está pressionada, sobretudo, pelo aumento dos preços dos combustíveis e pela alta do dólar. 

Os juros altos são uma arma usada por governos para combater a inflação, mas há efeitos colaterais: eles atrapalham o crescimento do país. A Selic é utilizada pelos bancos apenas como uma referência. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas para tomar empréstimos para produção. Isso aumenta o desemprego e piora o consumo. As empresas vendem menos, e então um ciclo negativo se instala (quanto menos vende, menos emprego gera). Essa situação deixa a economia com menos força, o que afeta o PIB (Produto Interno Bruto). 

A seguir, o coordenador do Instituto de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)Ahmed El Khatib, relembra a história da Taxa Selic.

HISTÓRIA DA TAXA SELIC 

Entre 1º de julho de 1996 a 4 de março de 1999, a taxa básica para definição de todas as demais taxas de juros da economia brasileira era a TBC (Taxa Básica do Banco Central), determinada mensalmente pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. A partir de 2 de janeiro de 1998, essas taxas passaram a ser fixadas na expressão anual. Após 5 de março de 1999, com a extinção da TBC, o Copom passou a divulgar a meta para a taxa Selic, estabelecida periodicamente para fins de política monetária.  

Por ocasião da extinção da TBC, na primeira reunião do então presidente do BCB Armínio Fraga, foi determinada que a SELIC passaria a ser a única taxa a sinalizar os juros para toda a economia. Também foi instituído o uso do viés que autorizava o presidente do BCB a mudar os juros, na direção do viés, a qualquer momento sem consultar o Copom. 

Nascia naquela reunião o Sistema de Metas de Inflação que seriam perseguidas com as políticas monetária e fiscal e que é usado atualmente. A taxa naquela ocasião teve um pico de 45% ante os 39% anteriores, ou seja, o BCB, surpreendendo o mercado, havia subido os juros em 6 pontos percentuais ao ano, em uma reunião de emergência para conter a escalada da inflação. Esse foi o motivo da alta maior do que a previsão dos economistas à época. 

Já em 2005, o Comitê de Política Monetária do BCB decidiu manter a taxa de juros Selic em 19,75% pelo segundo mês consecutivo, interrompendo um período de aumento de nove meses, iniciado em setembro de 2004, quando ela foi de 16,25%. As justificativas para as constantes elevações basearam-se na dificuldade encontrada pelo Governo para controlar a inflação dentro das metas previstas para o ano. 

Originalmente, a meta central para a inflação de 2005 foi fixada em 4,5% pelo Conselho Monetário Nacional. Também foi estabelecida uma margem de tolerância de até 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo desse número. O próprio BCB, porém, decidiu que, diante da alta da inflação ocorrida em 2004, o centro da meta desse ano deveria ser alterado para 5,1%, com o teto sendo mantido em 7%. 

Em maio de 2012, O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reuniu e decidiu baixar os juros de 9% para 8,5% ao ano. Naquele momento, a taxa Selic atingiu o menor patamar já registrado em toda a série histórica do Banco Central, que começou em 1986. 

Antes dessa data, segundo a autoridade monetária, não existia uma taxa de juros oficial. Naquela ocasião (acredite!) atingiu-se a menor “meta” para a taxa de juros já registrada na economia brasileira, que vigorou de julho de 2009 a abril de 2010 (8,75% ao ano). 

Nessa situação, a caderneta de poupança passou a render, para as aplicações feitas no início de maio em diante, menos de 6% ao ano pela primeira vez na história. Pelas novas regras definidas pelo governo federal naquele período, o rendimento da poupança passou a ser atrelado aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial, sempre que a Selic for de 8,5% ou menos. 

A diminuição na Selic tem como finalidade, dentre outras, aumentar o consumo. Normalmente, quando os juros caem, o valor do crédito também segue a mesma trajetória. Com isso, as pessoas costumam buscar empréstimos, o que aumenta a circulação de dinheiro. 

Por outro lado, conseguimos neste período de 2020 e 2021 (apesar da elevação anunciada agora, 05.05.21, da Selic para 3,50 %) ter taxas muito baixas, quando comparadas a períodos anteriores. Entretanto, com juros baixos, as empresas gastam menos para captar crédito e fazer investimentos, ampliando produção, contratando empregados. 

Com a taxa Selic baixa, temos uma redução do tamanho da dívida do governo. Quase 40% da dívida total do governo é corrigida pela Selic. Com juros mais baixos, o governo paga menos juros e gasta menos. Por fim, juros mais baixos podem (não é regra) representar prestações do crediário mais suaves para o consumidor. Isso favorece o consumo, pois, ao venderem mais, as empresas produzem mais e, para produzir mais, contratam mais mão de obra e, dessa forma, a economia fica mais aquecida. 

O especialista  

Ahmed Sameer El Khatib: graduado em Ciências Contábeis (Universidade de São Paulo), Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e Doutor em Administração de Empresas (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Concluiu seu estágio pós-doutoral na Universidade de São Paulo e é Professor de Contabilidade Financeira, Finanças e Auditoria  na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado – FECAP. 

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