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O plágio é o ato de utilizar, parcial ou totalmente, trechos de obras intelectuais de outro autor: desde manifestações artísticas até produções acadêmicas. No Brasil, o plágio é criminalizado por lei.
O professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Marcelo Krokoscz, estudioso sobre o assunto, explica que, no Brasil, o assunto do plágio acadêmico começou a ter visibilidade e preocupação a partir de 2011, por meio de uma recomendação da CAPES e posicionamento de agências de financiamento de pesquisas, como o CNPQ e a FAPESP.
PLÁGIO ESTÁ EM TODOS OS NÍVEIS
Segundo Krokoscz, a extensão do problema varia, a depender do nível acadêmico.
“Entre alunos de cursos de Graduação, há evidências de que um em cada dois alunos conhece algum aluno que comete plágio. Do ponto de vista dos professores, nove em cada dez alunos fazem plágio. Entre pesquisadores profissionais, pesquisas apontam que quatro em cada dez publicações científicas têm plágio”.
O envolvimento com o plágio se dá em grande parte por razões acidentais, isto é, o estudante não percebe que está cometendo essa fraude autoral. Isto acontece por dificuldade de escrita, falta de conhecimento sobre atribuição de créditos, enviesamento da concepção sobre uso da informação encontrada na internet e presunção equivocada de esclarecimento sobre o que é plágio e o que não é plágio.
O plágio no meio acadêmico pode se manifestar em todos os tipos de escritos. Em geral, se apresenta mais com trechos de textos copiados e colados, mas também acontece plágio com textos parafraseados ou pastiches sem a atribuição adequada da fonte.
Entre pesquisadores profissionais, pode se manifestar por meio da cópia de fontes de pesquisa (plágio de fontes) e do autoplágio (repetição de textos já escritos pelo próprio autor em outras publicações).
O plágio é considerado uma má-conduta gravíssima, pois, no ambiente de produção do conhecimento, a repetição ou a redundância contribuem para o avanço do conhecimento científico.
“Em outras palavras, na ciência, quando se relata uma descoberta, isto está feito. O pesquisador deve então passar a fazer outra descoberta para elaborar um novo relato, e assim por diante. Isto que contribui para o desenvolvimento do conhecimento e a melhoria da existência”.
JEITINHO BRASILEIRO
Mas o plágio também acontece por razões intencionais, má-fé mesmo. Nesse caso, os motivos são falta de tempo, interesse em obter melhores resultados ou tirar alguma vantagem de situação específica.
“Assim, o plágio pode ter a ver mesmo com aspectos culturais, como, por exemplo, o ‘jeitinho brasileiro’, uma forma de corrupção, prática tão banalizada no País que, na cabeça das pessoas, se trata apenas de uma ‘ação entre amigos’ ou uma forma de ‘ajudar quem precisa’, desconsiderando as regras estabelecidas e o direito coletivo”.
PLAGIADOR, ATENÇÃO!
Para quem pode estar praticando o plágio e não sabe, o especialista alerta: atenção para não ser surpreendido de forma indesejada.
“Estou me referindo inclusive em relação ao ambiente profissional. Já fui procurado por empresas que constataram relatórios de funcionários que eram elaborados de forma fraudulenta, o que expunha a reputação da empresa para o público, gerando profunda preocupação com a competência do colaborador”.
Para quem comente plágio intencionalmente, o especialista também tem uma recomendação: antes de mais nada, é um atestado de fraude e incompetência pessoal que está sendo dissimulada com a apresentação de qualidades que não são próprias.
“Como diz a música da banda Legião Urbana, ‘mentir para si mesmo é sempre a pior mentira’. Mas além disso, há muitos mecanismos para a detecção e constatação do plágio. Quando isso acontece, devem ser aplicadas as sanções que podem variar de uma nota zero até uma expulsão ou cassação de diploma”.
SAIBA COMO IDENTIFICAR O PLÁGIO
Krokoscz recomenda o aprendizado das técnicas de verificação do plágio: utilize ferramentas adequadas, como softwares de detecção de similaridades e a interpretar relatórios.
Por fim, ele diz que a ação mais eficaz em relação ao plágio é, primeiramente, reconhecer que é um grave problema que faz parte da realidade acadêmica.
“Precisamos lidar com esse assunto de maneira preventiva e esclarecedora. Nesse caso, conversar e aprender sobre o assunto é a melhor vacina”, finaliza.
DICAS NO YOUTUBE
Marcelo Krokoscz está publicando uma série de vídeos sobre plágio em seu canal no Youtube. Para conferir, acesse clicando aqui!
O PESQUISADOR
Marcelo Krokoscz é Pós-doutorando em Ciência da Informação (USP), Doutor e Mestre em Educação (USP), licenciado em Filosofia (UNIFAI), Pedagogia (UNIBAN) e bacharel em Teologia (ASSUNÇÃO).
Professor da Escola de Comunicação e Artes da USP (Programa de Atração e Retenção de Talentos 2020/2021) e do Centro Universitário da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) desde 2008, onde já atuou como coordenador da Comissão Própria de Avaliação (CPA), cuja prática foi agraciada com o Prêmio Nacional de Gestão Educacional e também foi coordenador do Programa de Iniciação Científica, tendo como principal êxito a elaboração do projeto para aquisição de bolsas de fomento de pesquisa para alunos da graduação junto ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, leciona Metodologia Científica nos cursos de graduação da FECAP. É diretor do Colégio FECAP desde 2014.
É autor dos livros ‘Autoria e plágio: Um Guia para Estudantes, Professores, Pesquisadores e Editores’ e ‘Outras palavras sobre autoria e plágio’, ambos publicados pela Editora Atlas. É criador e editor do website www.plagio.net.br e do canal no YouTube identificado pelo próprio nome do pesquisador.
No meio acadêmico, desenvolve pesquisas e apresenta conferências sobre autoria e plágio no processo de redação e publicação científica. Nas atividades como pesquisador, já teve trabalhos publicados no Brasil e no exterior.
#TAGS: FECAP Marcelo Krokoscz plágio
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