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As restrições de circulação de pessoas e aglomerações em grandes eventos abalou o mercado das artes. Mas, passada a crise, a médio prazo, as produções e artistas independentes podem ganhar maior espaço de distribuição na sociedade, na opinião da professora de Artes e Comunicação Social da FECAP Cândida Almeida.
Não dá para prever o pós-crise, mas o impacto já está sendo sentido no momento, principalmente para produtores que dependem financeiramente das apresentações ao público.
“Parte dos grandes produtores têm financiamento prévio via lei de incentivo, já fizeram captação das verbas e incentivos fiscais. Quem pôde captar recursos antes da pandemia está com dificuldade para movimentar, mas tem uma salvaguarda nesse sentido. As produções independentes é que ficam vulneráveis à ajuda da própria comunidade e sociedade civil, ou investimentos pontuais de empresas que venham patrocinar espetáculos ou casas de show que as contratam”, explica.
Por conta das restrições de público para conter a propagação do vírus, toda a cadeia de produção, distribuição e consumo de artes está parada.
“Não vejo como precisar número de demissões, visto que na área os regimes de contratação na maioria não são por carteira assinada. Mas as contratações para novos projetos estão paradas. É grande o congelamento e afastamento em gravações de telenovelas em emissoras de TV, os sets de filmagens de cinema estão parados, editoras de livros, museus e galerias fechadas. Até a publicidade, que movimenta verba no setor, está pausada”, diz.
O cenário para as artes é preocupante, visto que as empresas passam por dificuldades. “O Brasil e o mundo não estão olhando para o investimento na questão cultural. Neste momento, em primeiro lugar está a saúde e a economia”.
A professora acredita que a retomada de eventos culturais internacionalmente também será lenta. “Pelo temor de reincidência do vírus, os países vão reabrir grandes eventos com cautela. Assim, turnês internacionais demorarão a chegar ao Brasil e a países subdesenvolvidos, o que deve reaquecer nossa própria indústria cultural. Há sede dos nossos artistas nacionais”, opina.
No entanto, no meio dessa mudança, a especialista vê um avanço na visibilidade de artistas por meio das redes sociais. “Temos mais divulgação dos trabalhos, o que é muito bom, e uma reorientação do público entendendo-os como alternativa. O público começa a enxergar esses artistas independentes que tinham pouco espaço em grandes mídias. Resta saber se o público, passada a crise, dará retorno e investirá nessa arte. Acho que sim”, opina.
#TAGS: artes Cândida Almeida coronavírus entretenimento FECAP
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