Este boletim reúne um conjunto de dados disponíveis para o Estado de São Paulo e sua capital, além das principais notícias, com o intuito de ajudar na compreensão da situação econômica da região, bem como na formação de expectativas por parte dos empresários e consumidores.
Os dados de maio mostram uma queda na produção do setor de comércio, novamente diferente do resultado positivo observado para a média do Brasil. A produção industrial também teve uma queda, mas o mesmo movimento foi observado para o país. Já o setor de serviços continua crescendo, e mais do que o registrado nacionalmente.
Já os dados de junho mostram que o emprego formal e o salário médio aumentaram. Além disso, ocorreu uma desaceleração da inflação no acumulado dos últimos 12 meses, mas o custo de vida na capital continua crescendo mais do que a média observada para o país. O número de famílias endividadas continua aumentando, embora menos do que foi observado nos últimos quatro meses. E, diferente do mês passado, o número de famílias com contas em atraso e as que não terão condições de pagar suas dívidas teve uma diminuição, ainda que muito pequena. Ademais, as perspectivas futuras para o consumo e para a produção são positivas. E, por fim, o nível de confiança dos consumidores e dos empresários do comércio melhorou pelo segundo mês consecutivo.
Em contrapartida, os dados de julho mostram que o nível de confiança dos empresários da indústria diminuiu.
O mês de junho foi marcado pelos 12 dias de conflito militar entre Israel, EUA e Irã. Mas vale destacar também as mudanças nos preços da gasolina e da energia elétrica, bem como o aumento da taxa básica de juros e a derrubada, pelo Congresso Nacional, dos decretos presidenciais que aumentaram o IOF.
Notícias de Junho – Referência para os Dados
No cenário internacional, o mês de junho começou com as novas tarifas de 50% aplicadas sobre a importação de aço e alumínio para os EUA. Vale destacar que o Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para o país.
Na semana seguinte, Israel realiza um ataque aéreo contra 150 alvos no Irã. Em resposta, o Irã lançou vários mísseis e drones que atingiram alvos militares e civis. A troca de ataques aéreos continuou até que os EUA realizaram um ataque aéreo a três instalações nucleares do Irã. Alguns dias depois foi negociado um cessar-fogo entre os três países, em que cada um declarou a vitória do conflito. Os 12 dias de conflito foram marcados pela grande volatilidade no preço do barril de petróleo e pelo medo de bloqueio do Estreito de Ormuz, rota muito relevante para o escoamento da produção de petróleo da Ásia Ocidental.
No Brasil, a Petrobrás reduziu o preço da gasolina em 5,6% para as distribuidoras. No entanto, o impacto no preço final ao consumidor será diferente, pois depende do valor dos impostos, dos custos de transporte, das margens de lucro das distribuidoras e dos postos, bem como da mistura obrigatória de etanol na gasolina.
Além disso, ocorreu uma mudança na tarifa de energia elétrica para a bandeira vermelha patamar 1, o que resultará em um custo extra para os consumidores. As chuvas e vazões nas regiões dos reservatórios ficaram abaixo da média. Logo, isso levou à redução na geração de energia hidrelétrica e à necessidade de aumento na geração de energia termoelétrica (mais cara).
Ainda no mês de junho, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros para 15% ao ano, o maior nível desde julho de 2006. E as justificativas têm sido as mesmas, a incerteza no cenário internacional, a pressão do mercado de trabalho e o comportamento da política fiscal.
Em relação à gripe aviária, a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconheceu que o Brasil está livre da doença animal em granjas comerciais. Contudo, a retirada das restrições à carne de frango brasileira por todos os países ainda vai levar algum tempo.
No final do mês, o congresso derrubou os decretos presidenciais que aumentaram o IOF. Mas vale ressaltar que as outras medidas do pacote do ministro Fernando Haddad ainda continuam valendo.
Em Santos, no litoral paulista, ocorreu a segunda edição do “SP Offshore”, evento que reuniu 1.300 executivos para debates, painéis, rodadas de negócios e exposições com foco em offshore (instalações em alto mar). Um dos destaques foi a assinatura de um convênio entre a Petrobrás e o Governo do Estado de São Paulo para desenvolver a cadeia produtiva de petróleo, gás e energia. O Estado concentra a maioria do parque fabril nacional dos fornecedores de bens para o setor de petróleo e gás. E a Bacia de Santos possui os campos mais promissores e é a maior produtora de petróleo e gás natural do Brasil.
E na capital, foi realizado o Global Agribusiness Festival (GAFFFF), um dos maiores eventos do agronegócio do país, que reuniu mais de 30 mil pessoas, com a participação de cinco governadores, incluindo o governador Tarcísio de Freitas, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, lideranças do setor e representantes de mais de 30 países.
Atividade Econômica
A variação mensal e a variação acumulada no ano do volume de vendas do setor varejista no Estado de São Paulo foram negativas, em oposição aos resultados positivos apresentados para a média do Brasil.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em maio de 2025, o volume de vendas no comércio varejista ampliado do Estado de São Paulo registrou uma queda de 0,5% em relação ao mês anterior. Na variação acumulada no ano, a queda foi de 0,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os piores resultados negativos na variação acumulada no ano ocorreram no setor de móveis (-20,5%) e no setor de atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (-15,9%). Já os maiores resultados positivos ocorreram no setor de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (17,7%) e no setor de eletrodomésticos (6,7%).
Novamente, o setor de serviços no Estado de São Paulo cresceu mais do que o registrado no Brasil, tanto em relação à variação mensal quanto em relação à variação acumulada no ano. Enquanto no caso das atividades turísticas, a queda do volume de serviços no mês foi muito maior em comparação à queda registrada para o país.
Com base no IBGE, em maio deste ano, o volume de serviços no Estado de São Paulo registrou um aumento de 0,8% em relação ao mês anterior. Na variação acumulada no ano, o aumento foi de 3,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ao passo que as atividades turísticas registraram uma diminuição de 2,7% no mês, mas um aumento de 6,4% no acumulado no ano.
E, por fim, a produção industrial no Estado de São Paulo apresentou uma variação mensal negativa um pouco maior do que a observada para a média do Brasil. A variação acumulada no ano também apresentou um resultado negativo, em contraste com o resultado positivo observado para o país.
De acordo com o IBGE, em maio de 2025, a produção industrial no Estado de São Paulo registrou uma queda de 0,8% em relação ao mês anterior. Na variação acumulada no ano, a queda foi de 0,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na variação acumulada no ano, as indústrias extrativas tiveram uma queda de 14,0%, enquanto as indústrias de transformação tiveram uma queda de 0,4%. E dentre as indústrias de transformação, as maiores variações negativas ocorreram no setor de fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-26,2%) e no setor de fabricação de celulose, papel e produtos de papel (-5,3%), embora vale destacar a variação positiva no setor de fabricação de produtos têxteis (+16,1%).
Os dados sobre a produção do comércio, de serviços e da indústria, apresentados pelo IBGE, são de maio de 2025. Logo, ainda não refletem os acontecimentos apresentados no início deste Boletim.

Emprego
O emprego formal no Estado de São Paulo aumentou, mas menos do que foi observado para o país. Já o salário médio de admissão aumentou, e mais do que a média nacional.
Com base no Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), em junho, o emprego formal no Estado de São Paulo apresentou saldo positivo de 40.089 postos de trabalho, o que representou um aumento de 0,27% no estoque em relação ao mês anterior. Além disso, o salário médio de admissão aumentou 1,35%, e atingiu o valor de R$ 2.588,70.
Na geração de emprego por setor, um destaque foi as atividades de apoio à agricultura, com um aumento de 4,23%.
Além disso, novamente, o saldo positivo de postos de trabalho foi muito maior para as pessoas com o ensino médio completo, com idade entre 18 e 24 anos e para as mulheres.

Inflação
O custo de vida na capital de São Paulo, medido pelo IPCA e pelo INPC, apresentou uma variação mensal e uma variação acumulada dos últimos 12 meses maiores do que a observada na média do Brasil.
Segundo o IBGE, em junho deste ano, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na capital de São Paulo, que reflete a variação no custo de vida das famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, subiu 0,29% em relação ao mês anterior. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de +5,69%. Vale a pena observar a variação mensal e a acumulada dos últimos 12 meses, entre parênteses, de alguns produtos. Dentre os produtos com grande variação mensal, o transporte por aplicativo subiu 16,29% (+55,63%) e o tomate subiu 8,82% (-6,88%), enquanto o ovo de galinha caiu 10,38% (+6,45%). Dentre os produtos que se destacaram nos noticiários, a energia elétrica residencial subiu 2,94% (+3,75%) e o frango em pedaços subiu 1,87% (+14,33%), enquanto o azeite de oliva caiu 2,91% (-2,88%). E, por fim, dentre os produtos com grande variação acumulada dos últimos 12 meses, o café subiu 2,43% (+72,67%), enquanto a carne caiu 1,13% (+27,61%) e o óleo de soja caiu 0,43% (+19,63%).
Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que reflete a variação no custo de vida das famílias com rendimentos de 1 a 5 salários mínimos, subiu 0,35%. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação foi de +5,53%. Os produtos em destaque são os mesmos do IPCA, exceto o azeite de oliva.

Endividamento
No município de São Paulo, o número de famílias endividadas continua aumentando mas, a cada mês, menos. As famílias com contas em atraso e as que não terão condições de pagar suas dívidas tiveram uma diminuição ínfima. No entanto, cabe destacar que ocorreu um aumento das famílias comprometidas com dívidas de curto prazo (até três meses). E esses resultados continuam sendo melhores em comparação aos números apresentados para o Brasil.
Em junho de 2025, a Pesquisa de Endividamento e Intenção de Consumo das Famílias (PEIC-SP), realizada pela FECOMÉRCIO-SP, apontou que o percentual de famílias endividadas atingiu 71,36%. A proporção de famílias com dívidas em atraso foi de 21,56%. E o percentual de famílias que não terão condições de pagar as dívidas atingiu 8,98%.

Índices de Confiança
O nível de confiança dos consumidores no município de São Paulo aumentou pelo segundo mês consecutivo. E essa mudança se deve à percepção positiva dos consumidores em relação às condições atuais. Na divisão por grupos, contribuíram para este resultado as famílias que ganham menos de 10 Salários Mínimos (SMs) e os homens.
Em junho de 2025, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado pela FECOMÉRCIO-SP, registrou uma alta de 1,03% em relação ao mês anterior. Na segmentação por grupos, as famílias com renda menor de 10 SMs registraram uma alta de 2,52% e os homens uma alta de 3,30%. No entanto, as famílias com renda de 10 SMs ou mais, registraram uma queda no nível de confiança de 1,88% e as mulheres uma queda de 1,31%. O subindicador que reflete a percepção dos consumidores em relação às condições atuais aumentou 4,09%, enquanto o subindicador que reflete as suas expectativas diminuiu 0,77%.
O nível de confiança dos empresários do comércio no município de São Paulo também aumentou pelo segundo mês consecutivo, atingindo a faixa de otimismo. E esse resultado, como no caso dos consumidores, deve-se mais à percepção positiva dos empresários em relação às condições atuais. A variação mensal foi um pouco melhor em comparação com o observado para o Brasil. Porém, para à média do país, vale destacar que as expectativas dos empresários foram melhores.
O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), também calculado pela FECOMÉRCIO-SP, registrou em junho deste ano um aumento de 1,58% ante o mês anterior. Na divisão por tipo de produto e por número de empregados, as maiores altas foram para os empresários produtores de semiduráveis (+4,37%) e para os que possuem até 50 empregados (+1,91%). Os subindicadores que refletem a percepção dos empresários em relação as condições atuais e a estratégia de investimento tiveram um aumento parecido no mês, 2,70% e 2,38%, respectivamente. Em contrapartida, o subindicador que reflete as expectativas dos empresários aumentou apenas 0,37%.
Por outro lado, o nível de confiança dos empresários da indústria do Estado de São Paulo segue diminuindo, tanto em relação às condições atuais quanto em relação às expectativas para os próximos seis meses.
O Índice de Confiança do Empresário Industrial Paulista (ICEI-SP), calculado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), registrou, em julho de 2025, uma queda de 3,71% em relação ao mês anterior. O indicador mostra um pessimismo por parte dos empresários desde novembro de 2024. Logo, a queda no indicador representa um aumento desse pessimismo. O subindicador que reflete as condições atuais teve uma redução de 1,91%, enquanto o subindicador que reflete as expectativas para os próximos seis meses teve uma redução de 4,60%.
Os dados sobre o nível de confiança dos empresários paulistas da indústria, calculados pela FIESP, são de julho de 2025. Logo, já refletem os acontecimentos que serão apresentados no final deste Boletim.

Perspectiva
Depois de quatro quedas consecutivas, a intenção de consumo das famílias do município de São Paulo aumentou em comparação com o mês anterior. E esse aumento foi maior do que o observado para a média do Brasil. O destaque foi o momento para compra de bens duráveis, que teve uma variação positiva pela primeira vez no ano, e muito maior do que o registrado para o país.
Em junho de 2025, o Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF- SP), calculado pela FECOMÉRCIO-SP, registrou uma alta de 0,86% em relação ao mês anterior. Dentre os sete itens avaliados, a maior variação positiva foi para o acesso ao crédito (+3,07%), enquanto a maior variação negativa foi para a perspectiva de consumo (-0,47%). Além disso, vale destacar que a avaliação dos consumidores sobre o momento para compra de bens duráveis apresentou uma variação positiva pela primeira vez no ano (+2,16%). Para as famílias com renda até dez salários mínimos (SMs), o momento para compra de bens duráveis aumentou 3,02%, ao passo que para as famílias com renda acima de 10 SMs o aumento foi de apenas 0,24%.
Já pelo lado da oferta, depois de seis quedas consecutivas, observou-se um aumento do interesse na expansão do comércio entre os empresários da Região Metropolitana de São Paulo. O Índice de Expansão do Comércio (IEC- SP), também calculado pela FECOMÉRCIO-SP, registrou um aumento de 2,92% em relação ao mês anterior, o que levou à volta à faixa de interesse na expansão dos negócios. Dentre os seus dois componentes, a expectativa para contratação de funcionários aumentou 2,60%, enquanto o nível de investimento das empresas aumentou 3,45%.

Em razão da data de publicação deste boletim, já existem algumas notícias que poderão impactar os indicadores econômicos de julho, que serão divulgados no próximo mês.
O que mais se destacou nos noticiários no mês de julho foi o “tarifaço” de Trump contra o Brasil. No dia nove, o presidente americano anunciou que a tarifa de importação de produtos vindos do Brasil seria de 50% a partir de 1º de agosto, sob a alegação de práticas comerciais desleais realizadas pelo país e da falta de imparcialidade do Ministro do STF, Alexandre de Moraes, no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Até o final do mês, as notícias trataram das diversas tentativas do governo brasileiro em fechar um acordo com os EUA, com a participação do vice-presidente Geraldo Alckmin, dos senadores e de representantes dos empresários; das falas do presidente Lula sobre a soberania do país; e dos possíveis efeitos negativos da tarifa para cada um dos setores no Brasil. Ademais, o período também foi marcado por grandes oscilações na bolsa de valores e na taxa de câmbio. Por fim, um dia antes, o governo dos EUA adiou a aplicação das tarifas recíprocas para o dia seis de agosto. Além disso, foi anunciada para o Brasil uma lista de exceções às novas taxas, que inclui suco de laranja, aviões, petróleo, entre outros itens, que representam em torno de 45% da pauta de exportações brasileiras para os EUA.
Ainda em julho, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes, restabeleceu quase a totalidade do decreto presidencial, derrubado pelo Congresso Nacional, que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). E o Banco Central manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano.
Expediente CECON
Coordenação
Allexandro Emmanuel Mori Coelho, Professor Doutor
Equipe Econômica
Jobson Monteiro de Souza, Professor Doutor
Rafael Barišauskas, Professor Mestre
Termo de isenção de responsabilidade
Este relatório foi preparado pela equipe integrante do Centro de Estudos em Conjuntura Econômica (CECON) da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), utilizando os melhores esforços dos responsáveis. As informações foram obtidas através de fontes públicas críveis, e estão sujeitas a revisões sem aviso prévio. O CECON e a FECAP não se responsabilizam por quaisquer decisões econômicas ou de investimento tomadas com base nas informações deste relatório. O conteúdo deste relatório é livre, não podendo ser comercializado ou monetizado por terceiros de nenhuma forma. Este produto possui caráter exclusivamente informativo e não deverá ser usado para constituir qualquer decisão de compra ou venda de ativos ou produtos ou de investimento.