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Artigo – Deputados de luxo: o Brasil paga a maior conta parlamentar entre as democracias ocidentais

Por: Cláudio Gonçalves dos Santos, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares...
Imprensa | 27/06/2025
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Por: Cláudio Gonçalves dos Santos, professor da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP)

O custo de manter um parlamentar no Brasil ultrapassa os R$ 3 milhões por ano — valor que coloca o país no topo do ranking entre as democracias ocidentais quando o assunto é gasto com deputados e senadores. A cifra, que combina salário, verbas de gabinete, auxílio-moradia, cota parlamentar e outros benefícios, é mais que o triplo do custo de um congressista nos Estados Unidos e supera, com folga, o de países como Alemanha, França e Reino Unido.

A comparação internacional revela um contraste preocupante entre o peso fiscal do Legislativo brasileiro e sua produtividade. Em países desenvolvidos, os salários parlamentares são altos, mas os gastos indiretos são controlados, centralizados e submetidos a regras claras. No Brasil, o modelo é pulverizado, generoso e pouco eficiente — tanto do ponto de vista orçamentário quanto institucional.

Quanto custa um deputado?

A remuneração base de um deputado federal no Brasil é de R$ 46,3 mil por mês. A esse valor somam-se verbas mensais como a cota para o exercício da atividade parlamentar (cerca de R$ 45 mil), a verba de gabinete (R$ 125 mil), auxílio-moradia (R$ 4,2 mil) e outras despesas. Com isso, cada parlamentar custa ao contribuinte cerca de R$ 273 mil por mês, ou R$ 3,2 milhões por ano.

Veja como esse valor se compara a outros países (valores convertidos em reais, com câmbio de junho/2025):

PaísCusto Anual por Parlamentar (R$)
BrasilR$ 3.276.394
EUAR$ 900.000
Reino UnidoR$ 1.982.204
AlemanhaR$ 1.260.000
FrançaR$ 1.579.920

Nos Estados Unidos, o salário de um congressista é fixo desde 2009: US$ 174 mil por ano. Não há repasses diretos de verba de gabinete ou cotas parlamentares; os custos operacionais são pagos diretamente pelo órgão legislativo. Já no Reino Unido, as chamadas “allowances” (verbas) são generosas, mas regulamentadas — e todos os gastos são publicados online, item por item. Alemanha e França operam sistemas ainda mais rígidos, nos quais as despesas são centralizadas e o parlamentar não recebe o dinheiro diretamente.

Um modelo caro e desigual

A estrutura atual do Congresso Nacional impõe um peso elevado ao orçamento público. Somando os 513 deputados e 81 senadores, estima-se que o custo total anual supere R$ 1,9 bilhão. Em um país com profunda desigualdade social, déficit fiscal persistente e serviços públicos precários, essa conta parece desproporcional — e politicamente insustentável.

Mais do que cortar salários, a solução passa por redesenhar o sistema de benefícios e verbas. É preciso estabelecer tetos nacionais unificados, criar regras mais rígidas para contratação de assessores e promover maior transparência nos gastos, nos moldes do que fazem as democracias europeias.

O Parlamento é uma instituição essencial da democracia. Mas, como toda instituição pública, deve funcionar com racionalidade, austeridade e responsabilidade. Manter privilégios desconectados da realidade do país é deslegitimar o próprio sistema democrático. O Brasil precisa debater com seriedade o custo da representação política — e ajustá-lo aos padrões de eficiência e decência exigidos pela sociedade.

O autor: Cláudio Gonçalves dos Santos é economista, mestre em administração financeira e contabilidade, MBA em finanças de empresas, Gestor de Valores Mobiliários com registro na CVM, Conselheiro de Administração, Professor Universitário em cursos de pós-graduação da FECAP/SP. Sócio da Planning, onde atua com Assessoria Financeira, Avaliação de Empresas (Valuation) e Wealth Management.

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