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Especialistas debatem papel da sociedade e das organizações na democracia

O webinar “Democracia e Empresas”, organizado pela FECAP, debateu o papel das empresas e...
Institucional | 01/10/2020
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O webinar “Democracia e Empresas”, organizado pela FECAP, debateu o papel das empresas e organizações frente a democracia. Com transmissão ao vivo pelo Youtube, Marketa Jerabek, André Roncaglia, Marília Pimenta e Jésus Gomes debateram e expuseram suas opiniões sobre o tema.

O encontro pode ser revisto na íntegra:

A ampla maioria dos países atualmente declaram-se democráticos. Entretanto, tais democracias despertam severas críticas. Para o historiador francês, Pierre Rosanvallon, a perda da confiança nas instituições democráticas é o mais característico sinal dos tempos atuais.

Nesse sentido, a pesquisadora Dra. Marketa Jerabek lembrou que é comum as pessoas esquecerem o papel das instituições. “Elas se perguntam: o que as instituições podem fazer por mim? Estudos mostram forte ligação entre desigualdade econômica e política. Uma pessoa que trabalha 12 horas por dia não quer saber de nada de política, quer dinheiro para pagar boleto”, alimentando assim o ciclo de dependência econômica e falta de participação no processo democrático.” destacou a pesquisadora.

Marketa também destacou como preocupante a questão das fake news. “A entrada das empresas tecnológicas mudou a forma como consome a informação. É importante discernir o que é opinião e o que é fato. Quando se trata de Ciências Humanas há muita ideologia, é preciso discernir. Eu vejo grande perigo quando as pessoas se informam por apenas um meio de redes sociais”.

O professor Jésus lembrou que as empresas têm muita responsabilidade para com a Democracia é, sobretudo, delegação e representatividade. “As empresas devem ter seus Códigos de Ética, e responsabilidade sobre corpos, assédios e sofrimento psicológico de seus colaboradores, devem instituir políticas de prevenção ao preconceito”.

No Brasil, muitos acreditam que o sistema político faliu, dada a sua incapacidade de refletir os interesses da sociedade, assegurar a paz social e coordenar ações de melhoria da vida coletiva. Contudo, poder-se-ia questionar se o nosso sistema político não está funcionando exatamente como ele foi projetado para funcionar, promovendo algo que é diferente do interesse público.

O economista André Roncaglia afirmou que a democracia é um organismo vivo, que se adapta, e não podemos esquecer que o Estado também é uma organização que, embora não gere lucro, busca o bem estar social.

“A riqueza das pessoas pobres não é o que está dentro da casa dele, é o todo da sociedade. Em uma sociedade que precisa de dinheiro para a gente ser entendido como indivíduo, se essas pessoas não têm dinheiro, elas não conseguem ser indivíduos. A parte de dinheiro que lhes falta precisa ser oferecida como serviços pelo governo”, diz.

A professora Marília Pimenta lembrou que é preciso retomar o conceito de contrato social para Rousseau: valores como a vida, prosperidade, proteção da vida e das liberdades.

“A todo momento se tenta recriar o contrato social, excluindo uma parte da população, tal como nossa herança escravagista. Excluem-se, assim, os processos históricos de ganho de direitos”.

Lembrando da ação do Magazine Luiza, que abriu um programa de trainee exclusivamente para candidatos negros, ela afirmou que “cabe às empresas olhar cada vez mais as questões que envolvem as pessoas pretas, indígenas, as questões ambientais e de Direitos Humanos. Olhar para as atividades de forma multidimensional ajudará a sociedade a conduzir o processo democrático”.

Para Marília, a Democracia é elástica e pode avançar para um processo autoritário. Para ela, os dissensos estão mais fortes e encorajadores do que os consensos. Nesse vácuo, pelo autoritarismo ser sedutor, ele tem se erguido em vários locais do mundo. “A democracia é uma linha tênue e suave, que gera consenso em torno de uma vontade geral. O processo nazista alemão foi criado dentro de um processo considerado democrático, não podemos nunca nos esquecer disso”. A doutora em Relações Internacionais cita várias referências, entre elas, o livro lançado em 2020 pela jornalista Anne Applebaum “Twilight of Democracy: The Seductive Lure of Authoritarianism”, que traz os exemplos da Polônia, Reino Unido e EUA, e como processos políticos em tais países têm gerado profundas cisões entre os cidadãos.

Ela também acredita que os atores políticos antes eram mais definidos em partidos políticos. “Hoje temos atores que se colocam de forma pulverizada. Caiu a ideia de partido político como um local central de discussão de ideias”.

Por fim, ela acredita que os dissensos estão mais fortes e encorajadores do que os consenso. “Infelizmente, famílias e amizades se romperam por rupturas no campo político”.

Para todos os participantes, por fim, o fortalecimento da nossa democracia passa, inevitavelmente, pelo fortalecimento da sociedade, dando voz aos seus cidadãos/cidadãs nas decisões sobre como as coisas devem ser encaminhadas.

A participação no processo democrático se tornou vital ao mundo dos negócios. Governos e empresas precisam atuar com a transparência necessária e a sistemática prestação de contas à sociedade, de forma a promover as condições necessárias ao desenvolvimento, reparações históricas, ampliação do acesso a direitos e à criação de oportunidades para todos.

Saiba mais sobre os palestrantes

Marketa Jerabek

Marketa Jerabek é pesquisadora de filantropia da Fundação José Luiz Egydio Setúbal. Ela possui um doutorado conjunto em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo (USP) e King’s College London (KCL), um mestrado em Relações Internacionais pela USP e um BA em Economia Política pela Universität Luzern. Seus interesses de pesquisa são globalização, desenvolvimento econômico, economia política comparada, democracia e filantropia.

André Roncaglia

Possui graduação em Ciências Econômicas pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2003), mestrado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007), doutorando visitante na University of Massachusetts Amherst (2014) e doutorado em Economia do Desenvolvimento pela Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade – USP (2015).

Atualmente é Professor Adjunto C-1 da Universidade Federal de São Paulo. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Economia Geral, atuando principalmente nos seguintes temas: inflação e política monetária, economia monetária, macroeconomia do desenvolvimento, história do pensamento econômico, economia financeira e economia brasileira.

Marília Pimenta

Doutora em Relações Internacionais pelo Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, na área de concentração: Paz, Defesa e Segurança (2016). Pesquisadora visitante em Maxwell School-Syracuse University (2015). É pesquisadora do Moynihan Institute of Global Affairs, Institute for National Security and Counterterrorism, em Maxwell School of Syracuse University, pesquisadora/colaboradora do NUPRI-USP, e pesquisadora/ colaboradora do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais-IEEI-UNESP. Docente no Centro Universitário FECAP, onde também é coordenadora do curso de graduação em Relações Internacionais, coordenadora do curso de pós-graduação em Negócios Internacionais e coordenadora do Comitê de Internacionalização. É sócia da Associação Brasileira de Relações Internacionais (ABRI) e sócia da International Studies Association (ISA). Na ABRI é coordenadora da Área Temática: Ensino, Pesquisa e Extensão.

Jésus Gomes

Graduado e mestre em Administração de Empresas (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e doutor em Ciências Sociais (PUC/SP). Professor em tempo integral do Centro Universitário FECAP, com atuação na Graduação e no Mestrado. Foi membro do CONSUNI (Conselho Universitário), do CONSEPE (Conselho de Pesquisa) e do Conselho de Curadores da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado. Foi Ouvidor da Secretaria de Economia e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo. É membro fundador do grupo de estudos “A Vida das Ideias: Democracia, Sociedade e Administração Pública”.

No Mestrado orienta pesquisas na linha de Estratégia e Governança, com foco especial em pequena e média empresa, administração pública e governo. É consultor de empresas para as questões de estratégia, reestruturação, produtividade, inovação e transparência. Atua como palestrante, abordando, sobretudo, liderança, propósito, inovação, democracia e transparência e controle social das organizações.

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