Na primeira rodada do evento, ontem, 02 de maio, a pré-candidata Tabata Amaral (PSB) – ativista pela educação e cofundadora do Projeto VOA!, Deputada Federal progressista mais votada do Brasil – falou um pouco sobre suas propostas em evento presencial no Teatro FECAP.
A transmissão pode ser vista no link abaixo:
Abaixo, as professoras doutoras da FECAP, Paula Barros, coordenadora do Curso de Relações Públicas e Natasha Borali, coordenadora do Curso de Ciências Contábeis; comentam o evento e apresentam uma análise do ponto de vista de imagem e comunicação, e do aspecto da contabilidade financeira e orçamentária em âmbito público.
FORTE PREOCUPAÇÃO COM DISCURSO
Estava visível na fala da pré-candidata uma preocupação em se apresentar a partir da sua história e buscar, com o público presente, que era na sua maioria jovens universitários, maior conexão e identificação. Observou-se que a pré-candidata tem uma oratória muito potente e uma narrativa com linguagem simples, com resgates históricos e passagens do tempo bem-marcadas, mas com uma valorização acentuada as vivências da infância como moradora da periferia. É um discurso muito bem estruturado, que apresenta sua superação a partir da educação e que busca uma aproximação, principalmente, com o público B e C.
Além disso, Tabata reconhece os seus pontos de vulnerabilidade em relação aos seus concorrentes, como a jovialidade e pouco tempo de atuação política. Ela contrapõe essas questões ao mostrar todos os projetos que desenvolveu e se efetivaram enquanto deputada federal, muita energia para construir vínculos políticos entre esquerda e direita e uma equipe de governo formada por ‘ministeriáveis’, de alta qualidade técnica e bagagem de governo.
POSICIONAMENTO E AGENDA DE GOVERNO
Tabata se posicionou como pré-candidata do centro, feminista e com forte preocupação com a pauta da educação, carro-chefe de sua atuação como deputada e também de sua história. Na questão da educação, ela reforça o posicionamento mostrando como a educação mudou sua realidade, contudo, afirma que apenas investir em educação não soluciona o problema de desigualdade social presente na cidade de São Paulo. Para tanto, sem apresentar detalhes, afirma que seu plano de governo terá um olhar para políticas transversais, tais como: transporte, saneamento, políticas de financiamento, que combinadas com a pauta de educação possibilitam a redução das desigualdades entre periferia e centro da cidade de São Paulo.
Sobre ser uma pré-candidata do centro, ela realça a grande vantagem à população de SP uma vez que se mostra como a única pré-candidata à prefeitura de São Paulo capaz de dialogar tanto com o governo estadual como federal. Do ponto de vista da gestão de recursos públicos, é um posicionamento vantajoso para a cidade de São Paulo que, mesmo sendo um dos maiores orçamentos da América Latina, ainda necessita de muitos recursos financeiros por meio de parcerias com o Governo do Estado de São Paulo, o Governo Federal e também todos os municípios da região metropolitana.
Ao ser questionada diretamente sobre programas, políticas ou propostas concretas alguns pequenos direcionamentos foram realizados, tais como o foco no:
Programa de Zeladoria, argumentando que um ambiente bem cuidado reduz criminalidade e gastos futuros com manutenção de espaços públicos[1].
A Crocolândia foi tema amplamente questionado e consensualmente tido como um grande problema enfrentado pela cidade. A pré-candidata foi assertiva ao dizer que o combate não é ao cidadão, mas sim a economia de entorpecentes existente na região. Sua proposta aparentemente mescla políticas previamente existentes: redução de danos e internações compulsórias além de um combate a dinâmica econômica presente da região.
A busca pelos melhores indicadores de acesso e qualidade da educação também foi pauta do debate. São Paulo como a maior economia também deveria figurar entre as melhores posições no acesso e qualidade da educação, afirmou a pré-candidata. A informação está correta, pois São Paulo figura na 62º no pilar de acesso à educação e 138º em qualidade da educação[2]. Para tanto a pré-candidata aponta para um compromisso quanto a alfabetização, como o objetivo de atingir 100% de alfabetização na cidade de São Paulo, o que pós Covid-19 torna-se um desafio.
Como o Plano de Governo não foi finalizado, conforme informado pela pré-candidata Tabata, nenhuma das possíveis proposta relacionadas acima foi debatida ou detalhada com profundidade. Ainda assim, as propostas são viáveis do ponto de vista financeira e orçamentária no âmbito da contabilidade pública, pois dão continuidade à ações já existentes e focam em coordenação de agendas. A coordenação de agendas não onera os cofres públicos como a criação de um novo programa, por exemplo, e sim gera uma demanda maior para as secretarias. Em tese, uma gestão que visa um arranjo entre políticas públicas pode gerar até economicidade nos gastos públicos, dado que uma atuação coordenada evitaria retrabalho e tornando o gasto público mais eficiente em termos de resultado
Por fim, ela pontuou que é a única pré-candidata mulher pontuando a importância da diversidade na política.
IMAGEM DA PRÉ-CANDIDATA
Tabata usará essa candidatura para acumular capital político e ganhar visibilidade, confiança e reputação por parte do eleitorado. Tabata ainda tem um desafio para se consolidar a frente das pesquisas de intenção de voto nas eleições de 2024, pois atualmente as mesmas mostram a candidata em terceiro lugar na disputa com ampla margem em pontos percentuais para o segundo colocado.
Ainda assim, trata-se de uma campanha muito importante e um pontapé inicial para aumentar sua visibilidade e conquistar, futuramente, outras posições políticas no executivo. No entanto, ela ainda é pouca concreta nas suas propostas e não deixou claro a estrutura do seu plano de governo.
[1] Vide “Teoria das Janelas Quebras” de Wilson e George Kelling.