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O Colégio e o Centro Universitário, mantidos pela Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado - FECAP, são certificados como Entidades Beneficentes de Assistência Social na área da educação.
Crédito da imagem: Imagem de jcomp no Freepik
Com a realização da COP 30 no Brasil, o debate sobre sustentabilidade ganhou novo fôlego e deve provocar avanços concretos na adoção de práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) em empresas e instituições públicas. A avaliação é de Alexandre Sanches Garcia, especialista no tema e coordenador do Centro de Pesquisa em ESG da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), que enxerga um cenário de amadurecimento e consolidação do tema no país.
“Quando o Brasil se torna o centro das discussões climáticas mundiais, há um efeito imediato de conscientização e um segundo, mais duradouro, que é o da transformação de práticas”, explica Garcia. “A presença de lideranças globais e de grandes empresas aqui acelera o movimento de adequação a padrões internacionais, especialmente nas áreas de transparência, governança e mensuração de impacto socioambiental.”
Segundo o professor, os próximos meses deverão ser marcados por um fortalecimento das políticas públicas voltadas à transição energética, à economia circular e ao combate ao desmatamento — temas que ganharam destaque durante a conferência. “O ESG no Brasil deve deixar de ser apenas um discurso corporativo e passar a ser percebido como um diferencial competitivo, uma exigência de mercado e até um instrumento de acesso a crédito e investimentos”, avalia.
Garcia lembra que o Brasil reúne condições únicas para se tornar uma potência em sustentabilidade. “Temos uma matriz energética predominantemente limpa, uma biodiversidade inigualável e uma sociedade civil cada vez mais engajada. O desafio agora é transformar essas vantagens em políticas e indicadores concretos de impacto positivo”, afirma.
Quais impactos positivos devem ser sentidos?
No pilar ambiental, Alexandre Garcia acredita que o país deve assistir a uma aceleração das políticas de descarbonização, incentivo às energias renováveis e fortalecimento das cadeias produtivas sustentáveis. “A COP 30 evidenciou o papel do Brasil como protagonista da transição energética global. A tendência é que empresas invistam mais em gestão de resíduos, uso racional de recursos e rastreabilidade de produtos, especialmente no agronegócio e na indústria”, analisa.
No campo social, o especialista prevê avanços na promoção da diversidade e inclusão, nas condições de trabalho e na relação entre empresas e comunidades. “As organizações vão precisar comprovar o impacto positivo de suas ações, com dados e indicadores reais. A pauta social vai além de responsabilidade corporativa — ela passa a ser vista como fator de reputação e sustentabilidade de longo prazo”, afirma o professor da FECAP.
Já no eixo de governança, Garcia destaca o fortalecimento da transparência, da prestação de contas e da integração entre as áreas financeira e socioambiental. “A exigência por relatórios integrados e pela adoção de padrões internacionais de sustentabilidade deve crescer. As companhias terão que alinhar estratégia, propósito e impacto, adotando práticas de compliance e governança mais robustas”, completa.
Para o especialista da FECAP, a realização da COP 30 no país cria também um efeito educacional importante. “As empresas precisarão de profissionais preparados para lidar com métricas ESG, com relatórios integrados e com novos parâmetros de governança. Esse movimento impacta diretamente a formação acadêmica e a qualificação profissional”.
“A COP 30 é um divisor de águas. Agora, o Brasil tem a oportunidade de transformar o discurso em ação, e o ESG é o caminho mais consistente para isso”, conclui o professor Alexandre Garcia.
O especialista: Alexandre Sanches Garcia é Doutor em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas-SP, mestre em Ciências Contábeis pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, com graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atuou em empresas de grande porte como PriceWaterhouseCoopers, General Motors e Philip Morris. Sócio de empresa de consultoria, Pró-Reitor da Pós-Graduação e Professor dos Programas de Mestrado em Ciências Contábeis e de Administração da FECAP-Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado e Conselheiro efetivo do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (gestão 2020-2023). Presidente da APC-Academia Paulista de Contabilidade.