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Brasil tem 2ª maior taxa de juros do mundo: com Selic em 15%, ricos ganham mais e pobres ficam mais pobres

Foto: Freepik Com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o Brasil está em segundo lugar no...
Imprensa | 10/11/2025
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Foto: Freepik

Com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o Brasil está em segundo lugar no ranking de países com maiores juros reais do mundo (taxa de juros nominal subtraída a inflação prevista para os próximos 12 meses), conforme levantamento do MoneYou – atrás apenas da Turquia, que registrou uma taxa real de 17,80%; e à frente da Rússia, que aparece em terceiro lugar, com juros reais a 9,10%.

A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, é fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil. A Taxa Selic é utilizada pelo Banco Central para controlar a inflação, (aumento geral nos preços de bens e serviços em uma economia), e influencia todas as outras taxas de juros do país, como as cobradas em empréstimos. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas.

Segundo Ahmed Sameer El Khatib, professor de Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP), com a taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, o Brasil volta a viver um cenário de forte aperto monetário. A medida, que tem como objetivo conter a inflação, afeta diretamente o dia a dia dos brasileiros — mas de formas muito diferentes, dependendo da renda. Enquanto os mais ricos se beneficiam dos altos rendimentos em aplicações financeiras, os mais pobres sentem o peso do crédito caro, da desaceleração econômica e do aumento do desemprego.

“A alta dos juros é uma faca de dois gumes. Quando o Banco Central eleva a taxa Selic, o custo do dinheiro aumenta. Isso significa que pegar empréstimos, financiar bens ou investir em novos negócios fica mais caro. Para quem depende de crédito, isso é um problema sério. Por outro lado, quem já tem patrimônio ou aplicações financeiras se beneficia, pois vê seu dinheiro render mais.”

Na prática, a elevação dos juros concentra renda. As famílias de alta renda, que aplicam em títulos públicos e fundos de renda fixa, passam a ganhar mais com rendimentos indexados à Selic. Já os consumidores de baixa renda, que precisam financiar compras, pagar cartão de crédito ou tomar empréstimos pessoais, enfrentam juros ainda mais altos — muitas vezes ultrapassando 200% ao ano nas linhas de crédito rotativo.

Além disso, o professor explica que os juros elevados reduzem o ritmo da economia. “Com o crédito mais caro, as empresas adiam investimentos e contratações. Isso freia o crescimento e, consequentemente, a geração de empregos e renda. O resultado é um impacto desproporcional sobre as classes mais baixas, que já têm menos reservas financeiras para enfrentar períodos de aperto.”

Ahmed ressalta que, embora o controle da inflação seja importante, o equilíbrio é essencial. “Taxas muito altas por muito tempo podem conter o consumo e aumentar a desigualdade social. É preciso buscar uma política monetária que mantenha a inflação sob controle sem comprometer o crescimento e o emprego”, afirma.

Dicas para lidar com os juros altos

Com os juros nas alturas, a principal recomendação para as famílias de menor renda é evitar novas dívidas. É importante repensar gastos e priorizar o essencial, cortando despesas que possam ser adiadas. Parcelamentos e compras no cartão de crédito devem ser feitos com cautela, pois, em caso de atraso, os juros rotativos podem se tornar impagáveis. Planejar o orçamento mensal e anotar todas as despesas ajuda a visualizar onde é possível economizar.

Outra medida importante é negociar as dívidas existentes. Com as taxas elevadas, vale procurar bancos e credores para renegociar prazos e juros, buscando condições mais acessíveis. Feirões de renegociação e programas de refinanciamento, como o “Desenrola Brasil”, podem ser boas oportunidades para quem tem pendências em aberto. O ideal é começar quitando débitos com juros mais altos — como cartão de crédito e cheque especial —, que comprometem rapidamente a renda familiar.

Por fim, quem conseguir manter as contas em dia pode guardar pequenas quantias regularmente, mesmo que sejam valores modestos. Aplicações simples e seguras, como o Tesouro Direto ou contas digitais com rendimento automático, podem ajudar a formar uma reserva de emergência. “Em tempos de juros altos, cada real poupado rende mais, e isso pode fazer diferença no futuro”, orienta o professor Ahmed Sameer El Khatib.

O especialista: Ahmed Sameer El Khatib é Doutor em Finanças e Doutor em Educação, Mestre em Ciências Contábeis e Atuariais, graduado em Ciências Contábeis, Pós-doutor em Contabilidade e Pós-doutor em Administração.  É graduando e doutorando em Psicologia Clínica. É professor e coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) e professor adjunto de finanças da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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