No dia 28 de agosto, um grupo de estudantes do curso de Ciência da Computação da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) realizou uma visita técnica à fábrica da Cacau Show, sob a coordenação do Prof. Jésus Gomes, de Gestão Empresarial e Dinâmica Organizacional.
Os alunos chegaram à fábrica na Antiga Estrada de Itu às 9:15 da manhã, sendo recebidos calorosamente pelo presidente do Instituto Cacau Show, Clóvis Madeira, e pela jovem aprendiz Ísis. Clóvis é um ex-aluno da FECAP, egresso do Programa de Mestrado. Ele foi o primeiro aluno formado no Programa de Mestrado em Ciências Contábeis no ano de 2002; enquanto o professor Jésus foi o primeiro formado no Programa de Administração, também em 2002.
Clóvis Madeira participa, como mentor, do Projeto Lideranças Empáticas, coordenado pelos professores Edson Barbero e Jésus Gomes, e é membro do Conselho Fiscal da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado, mantenedora do Centro Universitário FECAP.
O programa da visita se iniciou com um generosíssimo café da manhã oferecido pela empresa, regado à sucos, sanduíches, café e, evidentemente, chocolate. Em seguida, veio uma imersão na história da Cacau Show, conduzida pela Ísis, com pitadas de storytelling contendo detalhes riquíssimos, vividos ou conhecidos pelo presidente do Instituto Cacau Show, Clóvis Madeira.
Em seguida, a agente de produção Lúcia nos transportou por uma inesquecível viagem em torno do processo de produção da Cacau Show, conectando duas eras, ali compartilhando o mesmo espaço físico e o mesmo tempo. Os estudantes puderam ver dois mundos que estão em transição.
De um lado, vivenciaram uma linha de produção do século XX, onde cerca de seis funcionárias trabalham num fluxo contínuo, linear, bem aos moldes da Teoria da Administração Científica, popularmente conhecida pelo nome de fordismo: a primeira funcionária prepara a caixa, a segunda coloca sobre a mesa três unidades de bombons, a terceira os insere na caixa, a quarta fecha a caixa, lacrar a caixa é a tarefa da quinta e colocar a caixa sobre o trilho para seguir adiante consiste em outra e final operação. As atividades se assemelham a um balé e se sucedem, silenciosamente, com aqueles braços humanos se movimentando num vaivém constante, como se fossem partes de robôs montados sobre estruturas de carne e osso.
Do outro lado, à direita, modernos e silenciosos robôs fazem exatamente as mesmas operações. Um elegante braço mecânico se desloca para a direita, faz um giro suave de 90 graus e, dotado de ar comprimido e ventosas, captura uma grande quantidade de bombons (30 ou talvez, mais, de uma só vez). Em seguida, desloca-se para a esquerda e desce com delicadeza para depositá-los cuidadosamente em outro dispositivo mecânico, que continuará o processo. Um vem e vai constante, sem intervalo para um café ou uma queixa de dor nas costas, como se fossem pessoas silenciadas.
Encerrada a visita à fábrica, a turma de Alvaristas foi conhecer o excelente trabalho social da empresa, realizado pelo Instituto Cacau Show, presidido pelo Clóvis Madeira. Lá, foram recebidos pela simpática Suelen e pelo gentil Marcos, apaixonados pelo trabalho que fazem e conscientes do impacto que estão causando na comunidade e na vida das pessoas que passam pelo Instituto. São 1.500 crianças e adolescentes, todos oriundos de escolas públicas da cidade de Itapevi, uma das mais pobres do Estado de São Paulo. Outras 200 crianças e adolescentes são atendidos na cidade de Linhares, no Estado do Espírito Santo.
Na sequência, Ísis e Clóvis retornaram ao encontro e guiaram os visitantes para conhecer as modernas instalações administrativas da Cacau Show, incluindo o escritório do presidente, a área de Pesquisa e Desenvolvimento, o Teatro e uma vista panorâmica do ambiente de trabalho dos funcionários técnicos e administrativos. Na Cacau Show não há trabalho remoto. Como explicou Clóvis Madeira, eles acreditam que o processo de interação face a face é importante para estimular a criatividade e a formação de uma cultura de colaboração. Nossos estudantes conheceram um local de trabalho muito fora da curva, para cima, considerando a média das empresas mundiais.
A visita foi encerrada com todos e todas (literalmente, começando pelo professor, indicado pelo Clóvis para puxar a fila), descendo para a loja-conceito da empresa através de um enorme tobogã. Depois desse breve calafrio, vieram, então, as tentações.
“As visitas técnicas não podem e não devem ser confundidas com turismo. Por isso, devem ser planejadas e fazer parte do projeto da disciplina e mesmo do curso. Se assim for, as visitas se tornam um fator-chave no processo de desenvolvimento dos estudantes, expondo-os ao mundo real das organizações, permitindo que eles vejam a utilidade dos conceitos ensinados em sala de aula”, opina o professor Jésus.
Na abertura da visita, o Presidente do Instituto Cacau Show, Clóvis Madeira, explicou que a empresa foi criada a partir de um desejo de Alexandre Costa (carinhosamente chamado internamente pelo diminutivo Alê) de produzir um chocolate fino que as pessoas pudessem comprar.
Quando Alexandre era adolescente, os chocolates de boa qualidade eram muito caros, acessíveis apenas às pessoas ricas. As outras pessoas tinham acesso somente aos chocolates de baixa qualidade, que eram baratos, mas continham uma quantidade enorme de açúcar e gordura. Alexandre lançou a Cacau Show nessa lacuna de mercado.
Foi, então, possível que a turma de alunos pudesse fazer uma conexão clara com o conceito de inovação disruptiva, que havia sido explorada no início do curso. Quer inovar? Não é preciso ‘(re)inventar a roda’. Pegue algo existente e torne-o ‘mais barato, mais acessível e mais fácil de usar’.
Clóvis mencionou, também, a relevância e os desafios das carreiras nas empresas, demonstrando a importância dos profissionais altamente especializados (como os estudantes de ciência da computação) seguirem uma trajetória em ‘Y’, mantendo as competências técnicas e, ao mesmo tempo, desenvolverem habilidades gerenciais.
“Esse tópico se conectou diretamente ao conteúdo que tínhamos acabado de debater em sala de aula, ao abordamos a natureza do trabalho gerencial, com exposição teórica, estudo de caso e questionário de autoavaliação de competências”, acrescenta o professor Jésus.
Ao percorrer a empresa, os estudantes tiveram contato com a indústria do século XX, que se conecta às estruturas que estão morrendo e desempregando, e a indústria do Século XXI, que está criando as fronteiras através das quais são geradas as novas oportunidades, demonstrando, dessa maneira, que a coisa mais criativa que a natureza inventou foi o próprio ciclo da vida.
“Como as pessoas, também as estruturas nascem, crescem, amadurecem, envelhecem e morrem. Novas gerações emergem; novas estruturas e indústrias também. Se respeitarmos a vida, não pressionando os ecossistemas acima dos que eles são capazes de suportar e fornecer, a vida seguirá seu curso depois de cada um de nós. Voilà. Que assim seja”, finaliza Jésus.