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Correios: Governo deveria levar em conta equilíbrio de forças relacionadas aos pontos positivos e negativos da privatização da estatal, opina especialista da FECAP

Texto: Vagner Lima Está aberto o caminho para a privatização dos Correios. A proposta, que...
Imprensa | 20/08/2021
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Texto: Vagner Lima

Está aberto o caminho para a privatização dos Correios. A proposta, que prevê mais eficiência à empresa, foi recentemente aprovada na Câmara dos Deputados e segue agora para o Senado, antes de ser sancionada pelo presidente da República. 

Apesar do otimismo de parte do mercado e de empresários sobre o tema, o professor de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (FECAP) Matheus Albergaria lembra que, em determinadas ocasiões, pode ser vantajoso manter esse tipo de serviço sob poder do estado. 

“Os serviços de correios são, por definição, um exemplo daquilo que os economistas chamam de monopólio estatal, dada a importância estratégica da empresa para a sociedade. Exatamente por isso, a teoria referente à área de economia do setor público preconiza que serviços dessa natureza sejam mantidos sob o guarda-chuva do governo”, opina. 

PRIVATIZAÇÃO IDEAL 

O professor diz que, em princípio, um processo de privatização dos correios pode ser muito bem-vindo, desde que executado de forma a aumentar a eficiência dos serviços prestados, ao mesmo tempo que provoque redução de preços e tarifas, beneficiando os consumidores desses serviços. 

“O ideal seria que, ao invés da transferência de direitos para apenas uma empresa, houvesse a alternativa de dividir o serviço entre várias empresas. O governo poderia pensar em uma privatização em moldes semelhantes ao da telefonia móvel brasileira, com mais empresas participantes no mercado, o que talvez garantisse mais eficiência aos serviços prestados e menores tarifas para os cidadãos”. 

Além disso, uma única empresa vencedora da concorrência precisa estar disposta a fazer investimentos de altas cifras, uma vez que a operação dos correios é muito cara. 

A grande questão, segundo o professor, é equalizar no balanço de forças. Ou seja, resta saber se o ganho dos fornecedores dos serviços dos correios será, em última instância, maior ou menor que as potenciais perdas dos consumidores. 

“De acordo com as notícias recentes, o processo vai ocorrer a partir de um sistema de leilão, com a empresa que der o maior lance assumindo a direção dos correios de forma privada. O ponto positivo dessa estratégia pode ser mais eficiência e rapidez nos serviços de entrega. Por outro lado, em termos de possíveis pontos negativos, há a possibilidade de aumento de preços e tarifas, prejudicando os consumidores, em última instância”. 

FUTURO DOS EMPREGADOS 

Embora tenha sido divulgado que os funcionários terão 18 meses de estabilidade em suas funções, Albergaria acredita que seria bom para o vencedor da licitação manter o capital humano da empresa, mesmo após o período de obrigatoriedade de não demitir. 

“Dado o alto número de funcionários dos Correios, essas pessoas sofrerão perda de renda e de emprego, depois que passar a carência. Quem assumir a empresa poderá ganhar muito com essa força de trabalho, uma vez que alguns dos funcionários carregam todo um conhecimento relacionado ao funcionamento das principais operações dos correios, ou seja, têm um valioso capital humano, na linguagem dos economistas”, finaliza. 

O ESPECIALISTA  

Matheus Albergaria é Pós-doutor em Economia pela USP, Doutor em Administração de Empresas pela USP, Mestre em Artes pela The Ohio State University, Mestre em Teoria Econômica pela USP e graduado em Ciências Econômicas pela UFMG. Atua como professor na Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado desde o ano de 2003. 

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