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FECAP promove palestra sobre a (in)ação da comunidade internacional diante do Talibã: um balanço de 2001 a 2021

Nos últimos dias, assistimos a um processo de escalada da violência no Afeganistão, mobilizada...
Eventos | 19/08/2021
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Nos últimos dias, assistimos a um processo de escalada da violência no Afeganistão, mobilizada pelos Talibãs como forma de retomar o controle de diversos espaços até então sob tutela estadunidense e do governo afegão.  

Empurrados para espaços remotos, e confinados em cidades menores desde a invasão estadunidense em 2001, ao contrário do que muitos pensam, o Talibã não se extinguiu e aproveitou a retirada das tropas estadunidenses para retomar o controle de territórios-chave, incluindo a capital, Cabul. 

Essa é apenas uma brevíssima introdução do assunto que tem sido noticiado nos últimos dias. E para que você possa entender a fundo o que está acontecendo, convidamos os nossos professores de Relações Internacionais para falar sobre “A (in)ação da comunidade internacional diante do Talibã: um balanço de 2001 a 2021”. 

Quem participa do evento é a Coordenadora do curso de graduação em Relações Internacionais e do curso de Pós-Graduação em Negócios Internacionais e Comércio Exterior, Marília Pimenta, Aureo Toledo, da Universidade Federal de Uberlândia, e Alcides Peron, pesquisador do NEV, NEAI e Professor de Segurança Internacional na FECAP. 

A atividade será on-line, via canal da FECAP no Youtube, no dia 26 de agosto, às 19h. A participação é gratuita e vale horas complementares. 

Inscreva-se clicando aqui!

Breves notas sobre o retorno do Talibã, e a desordenada retirada estadunidense, por Alcides Peron 

Logo após os atentados do 11 de setembro, acusando o regime Talibã de dar cobertura a líderes da al Qaeda, os EUA lançaram uma ofensiva que em poucos meses levou ao recuo dos extremistas. Apesar dessa operação ter logrado um rápido êxito, a ocupação estadunidense se arrastou por 20 anos, com sucessivas retiradas e adições de tropas, sem efetivamente deixar o país. A instauração de um governo afegão, de características democráticas se mostrou pouquíssimo efetiva, posto que, com a retirada oficial das tropas estadunidenses,  e o avanço do Talibã sobre Cabul, o presidente Ashraf Ghani deu declarações obscuras e deixou o país. 

Ao longo dos últimos anos, estimativas apontam que os EUA empregaram mais de 2 trilhões de dólares na ocupação e na manutenção de atritos permanentes com os Talibãs em regiões montanhosas e desérticas. As táticas Talibãs de conflito se assemelharam às de guerrilhas, produzindo fricções sazonais com as tropas e levando a um progressivo desgaste da operação, que acumulava custos, baixas, e cada vez mais se distanciava moral e simbolicamente do contexto no qual se iniciara em 2001. Não à toa, por diversas vezes, os governos que sucederam o de George Bush buscaram ou reordenar o sentido da ocupação (concentrando esforços para o treinamento e transferência de responsabilidades para as forças afegãs, como fez Obama), ou organizar um plano de retirada, como o fez Donald Trump. 

Em fevereiro de 2020, por ocasião das negociações de paz em Doha, a delegação estadunidense, a mando do presidente Trump, afirmou que retiraria as tropas do território afegão em até 14 meses, promessa essa sustentada pelo atual mandatário Joe Biden, que antecipou em algumas semanas a retirada total das tropas – que seria simbolicamente no dia 11 de setembro. Pouco tempo antes, o Talibã já vinha se mobilizando para retomar o controle das principais províncias do sul do país e, gradativamente, vem assumindo o controle de várias das 34 províncias do país. 

Ainda que o presidente Joe Biden continue sustentando a correção da retirada das tropas do país, sob o argumento de que “Os EUA não podem participar e morrer em uma guerra em que nem o próprio Afeganistão está disposto a lutar”, diversos especialistas têm apontado para o fato de que a retirada está sendo desastrosa e mal planejada, e tende a gerar inúmeros riscos a ativistas, líderes feministas e às frágeis instituições democráticas que se consolidaram nos últimos anos. Outros especialistas têm afirmado que o retorno do Talibã parece estar em consonância com os interesses de outras potencias asiáticas, como é o caso da China, que tem buscado consolidar sua influencia e seu domínio na região, como forma de trazer estabilidade ao seu projeto “One belt, one road”. Ainda outros especialistas têm afirmado que essa reascensão do Talibã se daria sob bases menos extremistas, de forma a, pragmaticamente, evitar conflitos e tensões com outros grupos de países.  

O fato é que o retorno do Talibã em tão pouco tempo escancara a fragilidade da estratégia de invasão e ocupação estadunidense, no pós 11 de setembro e, fundamentalmente, aponta para uma enorme indiferença do país diante dos riscos e instabilidades geopolíticas que o grupo pode gerar regionalmente. 

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