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Exemplos múltiplos e reais de inserção social: Maria Leal, uma mulher negra formada em 1919

O feriado da Consciência Negra foi escolhido porque se acredita que Zumbi dos Palmares tenha...
História da FECAP | 26/04/2021
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O feriado da Consciência Negra foi escolhido porque se acredita que Zumbi dos Palmares tenha morrido num 20 de novembro, mas do ano de 1695. É uma ocasião mais do que propícia para pensarmos em como todos nós, brasileiros, podemos nos inserir de forma igualitária na sociedade brasileira.

Uma data tão inspiradora como o dia da Consciência Negra remete diretamente para um dos álbuns de formandos que está no nosso Centro de Memória, no Largo São Francisco: trata-se do álbum da segunda turma de contadoras da Escola de Commercio “Alvares Penteado”, de 1918. De forma pioneira no mundo, as mulheres começaram a estudar no Curso Especial Feminino, que formava guarda-livros e auxiliares de comércio, a partir de 1909. Nessa época, havia exigência de uniforme: saia verde e blusa branca, e o período em que elas estudavam era à tarde. Os homens vinham ao Largo à noite.

Ao folhear o álbum, encontramos Maria Leal, uma mulher negra, nascida em São Paulo, em 16 de abril de 1899. Ela se matriculou no curso em 1916, tendo se formado guarda-livros três anos depois. A profissão contábil, antigamente chamada de guarda-livros, existe no Brasil desde 1870, tendo sido criada a partir de um decreto assinado por Dom Pedro II. Nossa ex-aluna estudou durante esse tempo matemática, português, francês, inglês, datilografia, história e, claro: contabilidade!

O mais interessante é que em 1951 Maria Leal voltou à FECAP para pedir “sua vida escolar”, o que chamamos hoje em dia de histórico escolar. Isso porque ela iria matricular-se na Faculdade de Filosofia. Mesmo com mais de 50 anos, ela buscava conhecimento e saber nos estudos.

Nossa ex-aluna viu muitas coisas acontecerem no Brasil, como a eleição da primeira prefeita, Alzira Soriano de Souza, no município de Lages-RN, em 1927; a instituição do voto feminino na década de 30, e a primeira atleta a participar dos jogos olímpicos, Maria Lenk, em 1932. Além de todas essas conquistas femininas, ela também viveu no mesmo momento que a Revolta da Chibata estourou no Rio de Janeiro, em 1910; viu, em 1931, o primeiro ministro negro do Supremo Tribunal Federal do Brasil ser nomeado, Hermenegildo Rodrigues de Barros, e  também presenciou a aprovação da Lei Afonso Arinos, em 1951, que proíbe a discriminação racial no Brasil.

É com o exemplo de Maria Leal que gostaríamos de fazer o leitor pensar sobre a inserção dos negros, das mulheres e de muitos outros grupos que ainda são frequentemente preteridos em nossa sociedade. Mesmo vivendo em um Brasil tão diferente e distante do nosso, ela não se intimidou e buscou estudar. Ela foi acolhida em nossa Instituição, que já contava com classes heterogêneas, com pessoas vindas de diversos lugares, com histórias de vida e experiências muito diferentes.

Acreditamos que apenas assim conseguiremos formar mais “Marias Leais”, buscando sempre se aproximar ainda mais do que diz nossa visão institucional: “Ser um centro de excelência em ensino e geração de conhecimento na área de negócios, associando o rigor científico à aplicação dos conhecimentos e formando profissionais com princípios éticos transformadores do processo social, com visão humanística, crítica e reflexiva”.

A construção de um bairro, de uma cidade, de um estado, de um país e de um mundo mais igual somente pode acontecer por caminhos que passem por educação de qualidade para todos. Apenas assim teremos a possibilidade de que todos nós brasileiros — mas todos mesmo: mulheres, homens, negros, amarelos, brancos, indígenas, pardos, pobres, ricos, jovens, idosos — sejamos tratados igualmente, como gente, como seres humanos. Pelo menos, na FECAP, temos orgulho de há mais de um século oferecer essa possibilidade!

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